Receita Federal recebe reforços para combater o tráfico de drogas
Os cães Nanquim e Argus integraram a linha de frente da NUREP na 7ª Região Fiscal e ajudarão no controle aduaneiro
O combate ao tráfico de drogas na 7ª Região Fiscal receberá o reforço de Nanquim e Argus. Nanquim é um cão da raça Labrador que está sendo treinado para farejar drogas e deve atuar em aeroportos no Espírito Santo. Já Argus, da raça Pastor Belga Malinois, será destacado, principalmente, para operações em portos, regiões aduaneiras e operações em estradas. Esses são apenas dois dos cinco cães farejadores que estão sendo preparados para atuar com as equipes do Núcleo de Repressão ao Contrabando e Descaminho (NUREP), formada por Técnicos e Auditores. Os animais integram a Unidade de Cães Farejadores – K9 do NUREP/ES e serão destacados para operações de combate ao tráfico de drogas na Alfândega de Vitória-ES, portos, aeroportos e estradas do estado.
Os cinco cães foram incorporados recentemente à linha de frente da Receita Federal. Os primeiros treinamentos e grupos são para o combate ao tráfico de entorpecentes, mas os animais podem auxiliar também no combate ao contrabando de armas e munições. Os cães são adestrados com o auxílio de brinquedos recheados com drogas e em momento algum têm contato direto com a substância. No treinamento, a droga é colocada em tubos de pvc ou em bolsas de lona impermeável, que impedem o contato direto com as substâncias. Por meio de exercícios, que mais parecem brincadeiras, o animal se familiariza com o cheiro da substância e, depois, nas operações, sempre fará a associação do odor com seu "brinquedo". Após o término do adestramento, esses cães farejarão sete tipos de entorpecentes, como maconha, cocaína, heroína, haxixe, exctase e skank.
No começo de outubro, o Núcleo de Repressão ao Contrabando e Descaminho, sediado na Alfândega de Vitória-ES, realizou o curso básico de treinamento de cães, ministrado pelo instrutor Gustavo Machado Jantorno, na Unidade de Cães Farejadores – K9. O treinamento contou com a participação de cinco Técnicos e Auditores do NUREP/ES e da DIREP/SRRF da 7ª Região Fiscal, formada pelos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. O trabalho exige que cada servidor fique responsável pelo adestramento e condução de seu cão. Eles formam os primeiros conjuntos de ação repressiva na área de combate ao contrabando de drogas.
Nessa etapa, os cães da raça Belga Malinois e Labrador tiveram o primeiro contato com os profissionais que os conduzirão em operações de combate ao contrabando e descaminho em toda a jurisdição da 7ª Região Fiscal. O trabalho de adestramento exige um contato constante entre o profissional e o cão nas dependências dos portos, aeroportos, portos secos, aviões e ônibus.
As equipes K-9, de acordo com o chefe do NUREP Vitória, Carlos Henrique da Silva Chavier, tornarão as ações de fiscalização mais eficientes. Segundo ele, com a presença do cão farejador é possível, em até 15 minutos, vistoriar cerca de 50 malas, trabalho que levaria horas se fosse realizado apenas pelos servidores. Chavier acrescenta ainda que, mesmo se todas as malas fossem abertas, não seria possível para um servidor localizar pequenas quantidades de drogas que estivessem escondidas em brinquedos ou em outros objetos. Já o cão consegue farejar o entorpecente, ainda que escondido dentro de outros compartimentos ou camuflados em bichos de pelúcia, como costuma ocorrer. Em portos, a ação do cão será ainda mais essencial. Rapidamente, segundo Chavier, o animal pode localizar em um contêiner o entorpecente, ainda que esteja sob toneladas de outros produtos. "Sem dúvida, nosso trabalho será intensificado. Essa é mais uma ação de repressão que está sendo implantada e com certeza se reverterá no aumento das apreensões de drogas em nossa região", acrescenta. Na avaliação do chefe do NUREP, a atuação da unidade K-9 fortalecerá a presença da Receita Federal em áreas estratégicas. "São ações, que reunidas ampliam as chances de apreensão e de combate ao tráfico de drogas", diz.
O chefe do NUREP de Vitória, Carlos Henrique, diz que inicialmente as equipes atuarão no Espírito Santo, mas a intenção é levar esse trabalho para o Rio de Janeiro. Carlos Henrique defende a expansão desse trabalho para todo o País. Segundo ele, só no controle de fronteira nos Estados Unidos há aproximadamente 1.350 equipes formadas por um condutor e um cão. "Seguramente, temos condições de aumentar o número de equipes K-9, o que reforçará de forma substancial nossa atuação no controle aduaneiro", acrescenta.
O Técnico Ottílio Queiroz Deutz Júnior integra o grupo que trabalhará na Unidade K-9 no Espírito Santo. Ele ingressou na Receita Federal em 1986, quando começou a atuar na DRF de Vitória no controle aduaneiro. Segundo Ottílio Queiroz, em todos esses anos ele acumulou experiência ao trabalhar diretamente no controle aduaneiro e a presença do cães facilitará a fiscalização. Ele destaca que, com o crescimento do volume de cargas transportadas e com a sofisticação, cada vez maior, das quadrilhas, a Receita Federal precisa usar todos os meios possíveis para auxiliar no combate ao tráfico de drogas. "Normalmente, as apreensões ocorrem ou por denúncias ou por acaso. Temos de mudar essa realidade", avalia.
Ottílio Queiroz explica que a idéia inicial é usar os cães pastores em portos. Por ser um cão de maior porte, ele diz que a presença do animal em áreas de maior presença de pessoas poderia criar algum constrangimento. Para essas ocasiões, deve ser usado o Labrador, um cão de menor porte e aparência mais dócil, mas que também tem um faro apurado. "Nossa intenção é que esse trabalho passe a fazer parte da rotina de fiscalização", disse. Queiroz acredita que, com mais esse reforço a Receita Federal fortalece sua atuação e amplia o trabalho em parceira com outros órgãos de repressão, como a Polícia Federal.
1 - Labrador - Os cães dessa raça também são amplamente usados em todo o mundo para trabalhos de apreensão de entorpecentes, por possuir alto poder de faro. Por ter um temperamento dócil esse animais são aptos ao adestramento e, portanto, ideais para atividades como guia de cegos, farejador de drogas, armas e explosivos.
2 - Pastor Belga Malinois - O Pastor Belga Malinois é um cão de trabalho muito popular na Bélgica. Versátil e altamente inteligente, se sobressai em atividades como proteção pessoal e, principalmente, em operações de detecção de narcóticos, armas, munições e mesmo de bombas. É uma raça muito utilizada pela Polícia Militar e do Exército. O malinois é considera a raça mais eficiente do mundo em operações de detecção de entorpecentes. Esse animais são usados por polícias de diversos países e pela segurança da Casa Branca.