Estadão On line – 26 de julho
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu ontem novo recado aos investidores que acreditam que a valorização cambial continuará firme no curto prazo. "Nós poderemos tomar novas medidas para impedir essa valorização. Não podemos antecipá-las, mas podem esperar." "Sempre que a gente fala, acaba em medidas. Portanto, os especuladores que se acautelem." O dólar renovou o menor nível desde o início de 1999, a R$ 1,543.
Mantega destacou ainda que o câmbio não está sendo utilizado pelo governo como um dos principais instrumentos para combater a inflação. Segundo ele, isso está sendo feito, sobretudo, pela política fiscal e pela política monetária do Banco Central. De acordo com o ministro, o câmbio é uma questão que preocupa e causa apreensão por dois motivos. De um lado, expressa problemas da economia mundial, pois muitos países têm dificuldades financeiras, o que acaba repercutindo na desvalorização de suas moedas.
De outro lado, argumentou, "há manipulação cambial, a guerra cambial de países que procuram reduzir o valor de suas moedas para poder exportar mais e ter maior competitividade". O ministro destacou que alguns países estão tão necessitados em exportar, para expandira arrecadação e os níveis de emprego, que estão fazendo operações triangulares com "sinais de fraude" para vender os seus produtos para o Brasil. "Vamos combater a concorrência desleal", ressaltou o ministro, dizendo que a RECEITA FEDERAL organizou um novo departamento de inteligência para atuar com foco nesses casos.
Desoneração
Mantega garantiu que "nas próximas semanas", haverá novidades sobre a desoneração da folha de pagamento das empresas. Ele destacou que o governo federal conversa com empresários e trabalhadores para que seja desenhada uma boa proposta nessa direção, pois, segundo ele, é muito elevada a contribuição patronal de 20%. De acordo com Mantega, o debate caminha bem e está quase chegando"nos finalmentes". O ministro, porém, não quis antecipar detalhes. O ministro da Fazenda ressaltou que, antes da decisão ser tomada, o governo anunciará na próxima semana a nova fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP).
Sem entrar em detalhes sobre as medidas, Mantega destacou que o governo vai adotar ações para estimular os investimentos das empresas. Além disso, disse que esse conjunto de ações terá também como foco colaborar para que o setor manufatureiro enfrente melhor o ingresso de produtos importados, o que está sendo provocado tanto pelo que ele chama de guerra cambial - travada por muitos países que desvalorizam o câmbio para elevar suas exportações como também pelo nível valorizado do real ante o dólar. O ministro afirmou, ainda, que a política de rigor fiscal adotada pelo governo será mantida em todo o ano e não será afetada pelo avanço da arrecadação nos últimos meses.