Fragidade na política

Correio Brazilieinse - DF - 19 de setembro
 
Independentemente dos avanços para reduzir as desigualdades com os homens, as mulheres têm influência muito limitada na política nos países em geral. Embora votem, não conseguem ingressar nos partidos políticos e nos parlamentos como os homens. Poucas nações têm restrições legais para que elas concorram a um cargo público, mas o número de pessoas do sexo feminino com assentos nos parlamentos é muito baixo. No Brasil, representam apenas 15,31% do Congresso e 9% delas estão entre os 100 parlamentares mais influentes do Senado e da Câmara dos Deputados, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Na avaliação do Banco Mundial (Bird), infelizmente, o avanço tem sido lento e permanece abaixo do nível considerado suficiente para garantir voz. Pelos estudos da instituição, em 1995, as mulheres representavam em todo o mundo cerca de 10% dos membros das casas legislativas e, em 2009, 17%. Motivo: são menos engajadas na política, com taxas de filiação partidária que não chega à metade das dos homens.

A situação é particularmente preocupante no Oriente Médio e no norte da África, onde, em 2008, existia apenas uma mulher a cada 10 parlamentares. Mas já foi pior: em 2000, essa relação era uma a cada grupo de 25 homens. Algumas nações, no entanto, tem procurado mudar esse quadro. Tanto, segundo o Bird, que, nos últimos 15 anos, o número de países com pelo menos 30% das mulheres como parlamentares subiu de cinco para 23, incluindo sete da África Sub-Saariana, além de Argentina, Cuba, Finlândia, Islândia, Holanda e Suécia.

Ministérios

Conforme relatório do Banco Mundial, quando as mulheres entram na arena política, tendem a permanecer nas fileiras mais baixas e para atuar em setores entendidos como "femininos". Elas também comandam mais os ministérios da Saúde, da Educação ou de Assistência Social, em vez das pastas de economia ou finanças. De qualquer forma, a proporção de mulheres nos ministérios aumentou de 8%, em 1998, para 17% em 2008. No Brasil de hoje, duas pastas estratégicas estão sob o comando feminino: Casa Civil, com Gleise Hofmann, e Relações Institucionais, com Ideli Salvati.

Em alguns países, há restrições constitucionais para que mulheres se tornem chefes de Estado. No Judiciário, há mais juízes do sexo feminino nos tribunais inferiores do que nos superiores. Na representação sindical, a mesma lacuna entre os gêneros se reproduz. Por isso, muitas questões que afetam a ala feminina são deixadas de fora da agenda, como a baixa remuneração frente aos homens e a pouca representação nos conselhos de grandes empresas. (AD)