Folha de S. Paulo - 28 de setembro
Entre os questionamentos da Fifa à Lei Geral da Copa-2014, a maior reclamação dos cartolas gira em torno da timidez de medidas de proteção a seus patrocinadores e a produtos oficiais do evento.
A irritação da entidade máxima do futebol com as regras para o Mundial, que prejudicam suas rendas, gera disputa com o governo federal.
Fonte ligada à entidade falou em tirar a Copa do país por conta da lei. Oficialmente, a Fifa disse que não manifestou ameaças ao Brasil, mas não negou sua insatisfação.
A intenção da federação é evitar o marketing de emboscada, em que empresas se aproveitam do Mundial, e a PIRATARIA, em que se utilizam das marcas em produtos.
Pela lei, foi determinado que quem comercializar produtos não-oficiais relacionados à Copa pode sofrer penas de um a três meses, ou multa. A Fifa queria prazo maior.
Outra questão é o valor das multas, que pode ser de até R$ 27,25 mil por dia para marketing de emboscada ou PIRATARIA. Há a possibilidade de o processo estabelecer uma multa dependendo das perdas da Fifa em cada caso.
Fonte ligada à Fifa considera o valor irrisório perto do ganho que se poderia obter com o uso da imagem do Mundial de forma irregular.
É comum ações de marketing na Copa. Na África, mulheres foram detidas por propaganda de cerveja.
A Fifa tem obrigação contratual de proteger seus parceiros, evitando exposição indevida. Até porque recebeu cerca de US$ 1,1 bilhão só de patrocínios pela Copa-2010.
Faturou outros US$ 71 milhões em licenciamentos. No total, isso dá cerca de 30% dos ganhos da entidade.
Por isso, aliados da Fifa temem onda de ações judiciais contra ela por parceiros em protesto contra PIRATARIA.
Um advogado de patrocinador da Copa, que não quis se identificar, disse que é difícil que qualquer um deles de fato processe a entidade.
Em relação à meia-entrada para idosos nos ingressos do Mundial, mantida pelo governo, também há a preocupação da Fifa, mas os bilhetes pesam menos na renda.
Essa receita costuma ser destinada ao COL (Comitê Organizador Local) -foram US$ 300 milhões na África.
Assim, a entidade presidida por Ricardo Teixeira poderia ser a maior prejudicada no caso.
Já a receita de televisão é a maior e atingiu US$ 2,4 bilhões no último Mundial. A lei da Copa prevê distribuição dessas imagens a emissoras brasileiras sem direitos, que poderiam usar 3% do total.
A medida só vale para o Brasil, mercado menor da entidade se comparado com Europa e EUA. O temor de aliados da Fifa é que redes de TV pelo mundo peçam direitos iguais aos dos brasileiros.
Colaborou MARTÍN FERNANDEZ, enviado especial a Belém