Blog do Noblat - 17 de janeiro de 2012
Você compra cds, dvds e outros produtos da indústria da pirataria? Você compra ou não compra os “piratas”?
Se compra, acha que está adquirindo algo roubado ou você diferencia o que é “pirataria” do que é “roubo”?
O Informe 2011 do Latino barômetro faz interessante relação entre democracia, justiça social e hábitos como o de comprar produtos “piratas”.
O estudo revela que 6 em cada 10 latino americanos reconhecem que ao longo dos anos seus países lograram assegurar liberdades de expressão, religião, escolha profissional e de participação na política (nos tornamos democráticos, afinal), mas que a falta de certas garantias sociais e econômicas ainda é um abismo. Como se sabe, a péssima distribuição de riquezas é o espinho que mais incomoda na caminhada do continente rumo a um melhor quadro de justiça social.
As desigualdades ferem a alma do povo desta América Mestiça: além da renda, a desigualdade entre homens e mulheres; entre brancos, negros e indígenas; a desigualdade de oportunidades.
A pesquisa – que pode ser lida em www.latinobarometro.org – aponta ainda que maior proteção ao meio ambiente e à propriedade privada são temas na agenda de inquietações do continente. Mas a preocupação maior do povo latino está na falta de proteção contra o crime e a delinquência (queixa maior do que a relacionada a desemprego).
É nesta realidade de desigualdade e no sentimento de injustiça que os analistas do Latino barômetro encontram explicação para o farto negócio da “pirataria”: os cidadãos buscam recompensas através do que chamam “fraude social”. A compra de produtos “piratas” seria uma destas formas. As outras são evadir impostos, simular doença para faltar ao trabalho e comprar algo sabendo que trata-se de produto roubado.
A maior parte da população latina não crê que produtos piratas e produtos roubados sejam a mesma coisa, e tem muito mais tolerância para com a pirataria. Equador, Bolivia e Brasil são os países onde mais se aceita a pirataria. De toda forma, a pirataria seria uma espécie de “recompensa”, enquanto roubo é roubo.
Falta explicar por que os privilegiados também compram produtos piratas e cometem tantas outras “fraudes sociais”? Se não é por uma questão de “recompensa”, por que será?