Entenda o que ocorreu

Correio Braziliense - 26 de janeiro de 2012
 
Há indícios de omissão de socorro, homicídio culposo e racismo no caso de Duvanier Paiva Ferreira. Veja a cronologia:

19 de janeiro

Na madrugada de quinta-feira, o secretário passou mal e saiu em busca de atendimento médico na Asa Sul. O primeiro hospital procurado foi o Santa Lúcia. Segundo a mulher dele, Cássia Gomes, que o acompanhava, os cuidados foram negados porque eles não tinham cheque para apresentar como garantia de pagamento. O casal foi até o hospital Santa Luzia, onde Duvanier também não foi atendido. Às 5h30, ele morreu após uma parada cardiorrespiratória, na recepção do hospital Planalto.

20 de janeiro

A presidente Dilma Rousseff pediu ao Ministério da Saúde que apure o caso e as denúncias de omissão de atendimento e suspeita de racismo. O ministério acionou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para verificar se o plano de saúde do secretário (Geap) havia sido descredenciado irregularmente e o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal para averiguar a conduta do hospital. Ambas as instituições realizaram diligências nos hospitais. A Delegacia do Consumidor, da Polícia Civil, abriu inquérito para investigar a exigência de cheque-caução.

23 de janeiro

A 1ª Delegacia de Polícia Civil abriu inquérito para apurar a negligência no atendimento e a morte de Duvanier. O diretor-geral da corporação, Onofre Moraes, disse ter indícios para responsabilizar os donos dos hospitais por homicídio culposo (sem intenção de matar). A ANS encerrou as apurações em relação ao descredenciamento dos hospitais pela Geap, com a conclusão de que não houve irregularidades. A agência mantém a averiguação em relação à cobrança de caução.

24 de janeiro

Em depoimento à polícia, uma testemunha reconheceu as imagens de Cássia Gomes gravadas pelo circuito interno de segurança do hospital Santa Luzia. Convencido de que há irregularidades, o governo aumentou a pressão sobre a Polícia do DF para que chegue aos responsáveis.

Divergências

Santa Lúcia: o hospital negou que a exigência de cheque-caução seja uma prática comum e descartou qualquer irregularidade no atendimento. Cássia Gomes sustentou, porém, que Duvanier não foi atendido porque não tinha, no momento, folhas de cheque para dar em garantia. A polícia afirma que recebeu outras denúncias de casos semelhantes.

Santa Luzia: o hospital publicou nota na qual garante que não foram encontrados vestígios da passagem do secretário e de sua mulher no estabelecimento em vídeos, registros telefônicos e informações dos plantonistas. Uma pessoa próxima do casal reconheceu a imagem de Cássia Gomes nas gravações entregues pelo hospital à Polícia.