Decisão foi comunicada por Dilma ao deputado em reunião nesta terça. Cândido Vaccarezza (PT-SP) afirmou que deixa função 'sem ressentimento'.
G1- 13 de março
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) anunciou nesta terça (13) que deixou a liderança do governo na Câmara. A decisão foi comunicada ao parlamentar em reunião com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Ainda não foi definido um substituto.
Segundo Vaccarezza, o argumento da presidente para a saída dele do posto é o de que é necessário fazer um rodízio entre os líderes. "Essa será a política a partir de agora", afirmou.
Vaccarezza afirmou que deixa a liderança sem mágoas e que está preparado para ser “soldado ou general”. “Meu sentimento é: sou deputado federal pelo PT. Estou preparado para ser general ou ser soldado. Nós temos 513 deputados. Vou ser mais um”, afirmou.
O deputado disse que a presidente Dilma pode “contar com ele”. “Não teve nenhum ressentimento, nenhuma mágoa. Não tem emoção, é uma questão política. Fui líder por mais de dois anos”, afirmou.
Vaccarezza garantiu ainda que votará sempre de acordo com a posição do governo e ajudará “no que for preciso” o novo líder. “Sou da base do governo e o que a presidenta Dilma precisar pode contar comigo. Eu não sou dissidente. Sempre vou votar com o governo.”
De acordo com Vaccarezza, a presidente Dilma pediu sugestões de nomes para substituí-lo na função. “Ela me disse que não tinha decidido ainda quem seria o líder do governo, me pediu sugestões e eu optei por não fazer sugestões. Ela fez uma mudança no Senado sem participação das lideranças e não achei justo dar sugestões. Só pedi para ela decidir hoje”, disse.
O ex-líder do governo afirmou ainda não acreditar que tenha sido substituído por causa das insatisfações da base aliada. “Eu acho que você pode ser trocado por ser incompetente, por não ter base ou não ser leal. No meu caso foi questão política. Nas votações da Câmara só tivemos vitória.”
Relações com a base Perguntado se as trocas de lideranças iriam “agregar” ou “desagregar” a base aliada, o deputado petista respondeu: “Eu não vou responder essa pergunta, porque o que eu responder já vou ter problema.”
Vaccarezza disse, contudo, que sua saída pode provocar um “estremecimento” temporário na base. “Pode haver algum estremecimento hoje ou amanhã, porque tem uma relação pessoal minha com os líderes. Sou amigo do ACM Neto (líder do DEM) sou amigo do Bruno Araújo (líder do PSDB) e sou amigo dos líderes da base. É natural, mas a partir da nomeação do novo líder vai ser normal e eu vou ajudar.”
O deputado afirmou que nunca reclamou do diálogo com o Planalto e disse que é amigo da “maioria” dos ministros. Indagado sobre a relação com Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, Vaccarezza afirmou: “Se a Ideli tem problema comigo, isso é problema dela. Eu não tenho problema nenhum com ela.”
Liderança no Senado O senador Romero Jucá (RR) também deixará liderança do governo no Senado. A assessoria do líder do partido na Casa, Renan Calheiros, informou que o cargo deve ser ocupado pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Nesta terça, Jucá afirmou que não está magoado com a saída. "Não estou magoado, de forma nenhuma. Não estou magoado, não estou chateado. Eu acho que a mudança na política é natural. Os cargos políticos a gente ocupa e desocupa. Então, com muita tranquilidade, passo o cargo ao senador Eduardo Braga", afirmou.
As decisões de Dilma foram tomadas após rebelião da base aliada, sobretudo do PMDB. Mais de 50% dos deputados do partido assinaram um manifesto no qual se dizem “excluídos” das decisões políticas do governo federal. Outro fator que pesou na substituição de Vaccarezza foram as dificuldades na relação do deputado com a ministra da Secretaria de Relações Institucionas, Ideli Salvatti.
Já a destituição de Jucá ocorre uma semana depois da derrota do governo Dilma no Senado, com a rejeição da recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral do Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANT). Um dia após a votação, o porta-voz da presidente disse que ela, que havia indicado Figueiredo, "lamentou" a decisão do Senado.