Morosidade: passageiros perdem voos após operação da Receita Federal em Manaus

A Crítica - 14/01/2013


Uma operação “pente fino”, realizada pela Receita Federal,  prejudicou passageiros de voos internacionais. Alguns perderam conexões, reclamaram do atendimento e das condições do aeroporto, que está em reforma 


Passageiros aguardam até três horas para sair da alfândega do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (Odair Leal)


Uma operação “pente fino padrão” realizada pela Receita Federal no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes em Manaus, nesta segunda-feira (14), atrasou em mais de três horas o desembarque de passageiros do voo JJ-8077 da TAM, que decolou de Miami, Florida. Alguns passageiros perderam conexões e reclamaram da morosidade e falta de infraestrutura do aeroporto.


A aeronave pousou em Manaus às 11h50, mas os primeiros passageiros só conseguiram atravessar o portão de desembarque a partir das 14h. Até as 15h30 ainda restavam cerca de trinta passageiros passarem pelo controle alfandegário


De acordo com a enfermeira Luzia de Oliveira, que aguardava junto com sua filha a chegada do marido, havia apenas três funcionários para atender o raio-X, a fila de atendimento e a vistoria de todas as bagagens. “Eles escolhem um membro da família para abrir as malas e verificar se há contrabando. A fila anda com muita lentidão, está um clima tenso lá dentro. Saí às 14h40 e ainda estou esperando meu marido que acabou ficando para trás”, comentou Luzia que completou: “se este for o padrão de atendimento para a Copa de 2014 quando virão pessoas do mundo inteiro, Manaus está muito mal mesmo. Espero que as obras mudem para melhor, mas por enquanto está difícil de aguentar”.


A reportagem tentou entrar em contato com o responsável pela operação e conseguiu falar rapidamente por telefone com um funcionário da Receita Federal que afirmou tratar-se de uma operação "pente fino padrão".


“Estamos apenas fazendo as coisas como elas devem ser feitas, verificando se ninguém trouxe nada de ilegal de fora para o país. Tivemos até um reforço de pessoas na nossa equipe para atender os passageiros”, disse por telefone o homem identificado apenas como Michel, que não especificou o número de funcionários envolvidos e antes que todos os questionamentos fossem feitos desligou o telefone dizendo: “Mas você pode me ligar daqui a uma hora? Porque enquanto eu falo com você eu deixo de atender o passageiro aqui na fila”.


Conexão perdida
Quem fazia conexão, como era o caso de dona Ariane Saboya, que seguiria de Manaus para Fortaleza com sua família, perdeu o voo pelo atraso na fila.


“Nós tínhamos que pegar a conexão às 14h45, mas minha outra filha ainda não foi nem atendida lá dentro. Tentamos argumentar, mas eles disseram que a companhia deveria ter se programado melhor. Agora só deus sabe que hora vamos chegar Fortaleza”, diz a aposentada.


Desconforto e falta de infraestrutura
O economista Ricardo Rocha que também esperava pela esposa e perdeu sua conexão para Belém. Ele afirmou que houve descaso dos agentes alfandegários.


“Eu disse para eles que ia perder meu voo, mas eles não estão nem aí. Já viajei para a Europa, para Dubai e para muitos outros cantos e nunca vi nada assim. Também fui falar com a companhia, mas eles disseram que não tinham culpa. Até as malas demoraram quase uma hora para sair do avião”, desabafa Rocha.


Outro grupo que seguiria para Natal por meio de um vôo para Brasília diz que não tem qualquer previsão para chegar em casa.


“Estamos em seis pessoas ao todo. A companhia me disse que vão tentar nos encaixar em algum voo deles que não esteja lotado, mas até agora não tem nada. Se o lugar ainda fosse confortável. Mas está tudo precário aqui, sem ventilação direito, lá dentro – da alfândega – está até pior. Um monte de loja fechada e essa iluminação que vez ou outra dá uma piscada”, disse o homem que preferiu não se identificar.


Chuva forte
Enquanto os passageiros aguardavam seus familiares do lado do saguão, a chuva que caiu em Manaus nesta tarde trouxe um forte vento que derrubou com facilidade os tapumes que cobriam a lanchonete Bob’s - que pegou fogo no último sábado (12) -, escancarando uma parte do aeroporto que se encontra em obras. O aeroporto passa por obras de expansão e está parcialmente interditado.