Mantega voltou e os problemas continuam

Mantega voltou e os problemas continuam

O ministro da Fazenda retorna das férias e se vê diante do desafio de recuperar a confiança, segurar a inflação e fazer o país crescer


Correio Braziliense - 22/01/2013


Depois de um 2012 frustrante para a economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se prepara para um 2013 de tormentas. Mal as férias dele terminaram e os problemas já se abatem sobre seu gabinete. De volta a Brasília desde ontem, terá de bater o martelo quanto ao reajuste dos combustíveis e, de outro lado, tentar minimizar os impactos de aumentos de preços no custo de vida. O executivo ainda terá como missão promover uma nova rodada de expansão do crédito, reduzir a inadimplência, melhorar as taxas de investimento e de crescimento do país para entregar o "pibão" encomendado pela presidente Dilma Rousseff - tudo isso enquanto o mundo, sobretudo a Europa, navega em meio a um oceano de incertezas. Além dessas complicações, Mantega terá de recuperar a credibilidade da política econômica e melhorar o diálogo com o setor empresarial.

Para analistas, o ano que começou apresenta grandes desafios. "Os dois primeiros trimestres vão ser decisivos para o governo Dilma", afirmou José Matias-Pereira, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB). "O calcanhar de aquiles está no Ministério da Fazenda. Vai ser um ano duríssimo", avaliou. Para Mauro Schneider, economista-chefe do Banco Banif, 2013 será melhor em relação ao crescimento, mas tão complicado quanto 2012 para o combate a inflação. "É difícil afirmar, porém, que o crescimento tenha sido semeado. Ainda não há sinais de que o que precisa reagir esteja reagindo", ponderou Schneider.


Segundo integrantes da equipe econômica, o governo conseguiu melhorar o processo de investimentos, que dará resposta mais positiva em 2013. "Tem um cenário mais favorável que nos faz crer que será melhor do que 2012. Mesmo os mais pessimistas no mercado falam em 3% de crescimento", observou um técnico. Ele admite, no entanto, que a inflação começou conturbada. "Ainda temos um índice alto, em boa parte por causa dos choques dos preços de alimentos na segunda metade do ano passado", disse.


Os economistas do governo sustentam que, na ausência de novos problemas na safra brasileira e de outros países, a carestia deve convergir para próximo do centro da meta de 4,5%, projeção que é refutada pelos analistas do sistema financeiro. Há também a expectativa de que as desonerações tributárias dadas até o momento diminuam o ímpeto de reajustes de preços do setor privado e estimulem investimentos. "O Ministério da Fazenda, agora, precisa conduzir uma comunicação mais serena e harmoniosa com o mercado", argumentou André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos.