“Quem tiver de pagar vai pagar”, diz Janot

Congresso em Foco - 03 de março de 2015

Na véspera de pedir abertura de investigação contra políticos no Supremo, procurador-geral da República afirma a manifestantes que ninguém será poupado. “Isso é um processo longo, está começando agora”

"Se eu tiver que ser investigado, eu me investigo", brincou

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, declarou a um grupo de manifestantes que promoviam uma vigília de apoio às investigações da Operação Lava Jato que não poupará ninguém. Na véspera de apresentar os nomes dos políticos que devem ser investigados por envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras, Janot afirmou que as apurações serão longas e estão apenas no começo. Para ele, a sociedade terá de ter paciência até que o processo se conclua com a punição dos culpados. “Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio, e quem tiver de pagar vai pagar. Nós vamos apurar, isso é um processo longo, está começando agora. A investigação começa e nós vamos até o final desta investigação”. “Se eu tiver que ser investigado, eu me investigo”, disse o procurador, conforme relato do jornal O Estado de S.Paulo.

Conhecido pela discrição, Janot se deixou fotografar na sede da Procuradoria-Geral da República com um cartaz levado pelos manifestantes com a seguinte mensagem: “Janot, você é a esperança do Brasil”. O grupo, que fazia uma vigília na sede da PGR, em Brasília, está engajado no ato convocado nas redes sociais contra a corrupção para o próximo dia 15. O movimento defende o impeachment da presidenta Dilma.

Janot deve entregar nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista de políticos com foro privilegiado na mais alta corte do país, como deputados e senadores. Fontes ouvidas pelo Congresso em Foco indicam que será pedida a abertura de investigação contra pelo menos 35 políticos. O procurador pedirá ao relator dos processos no Supremo, Teori Zavascki, a quebra do sigilo das investigações.

Esta, no entanto, será apenas a primeira parte envolvendo detentores e ex-detentores de mandato. Até agora, as apurações recaiam sobre ex-funcionários da estatal e empreiteiras acusadas de atuar em cartel e obter contratos da Petrobras mediante o pagamento de propina. As apurações contra políticos tramitarão em diferentes esferas da Justiça. Além de parlamentares, que serão investigados no STF, governadores terão seus casos examinados pelo Superior Tribunal de Justiça. Já políticos atualmente sem mandato, como ex-deputados e ex-governadores, serão investigados na Justiça Federal, no Paraná.