Fonte: Valor Econômico, 26 de março de 2015
BRASÍLIA - (Atualizada às 11h57) O coordenador da Operação Zelates, que desbaratou uma quadrilha no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), delegado Marlon Oliveira Cajado, afirmou que as investigações não têm relação nem vínculos com a Lava-Jato.
Segundo ele, os desvios ocorreram em processos que envolveram bancos, siderurgias, empresas do setor agrícola e automobilístico. Os desvios comprovados foram de R$ 5,7 bilhões, mas as suspeitas atingem mais de R$ 19 bilhões.
“Nós percebermos que havia uma questão endêmica para fazer o patrocínio de interesses privados se utilizando de servidores públicos”, disse Cajado, explicando o funcionamento do esquema. “Eles iam a captadores, como lobistas e escritórios de advocacia, para que chegassem aos clientes que tivessem processos vultosos para que os contratassem para que defendessem seus interesses”, continuou. “Eles tentavam corromper alguns conselheiros para realizar exames de vista para trancar a pauta e ganhar tempo. Eles expuseram muito alguns servidores que nem tinham consciência do que estavam fazendo, mas o principal seria a corrupção para conseguir reverter a autuação bilionária.”
O delegado ressaltou que a quadrilha afetou “grandes áreas da economia”. “Eles usavam a consultoria que eles tinham para lavar o dinheiro de alguma forma. Depois, eles sacavam e faziam a distribuição dos valores que tinha m obtido com a empreitada.” Segundo a PF, o nome da operação significa “o falso zelo ou cuidado fingido” e é uma referência a conselheiros do Carf “que não vinham atuando com o zelo e a imparcialidade necessárias”.
Propina
O pagamento de propinas a integrantes Carf variava de acordo com o valor das autuações, mas atingiu até 10%. A informação é do delegado Marlon Oliveira Cajado, coordenador da Operação Zelates, que desbaratou um esquema de desvio de dinheiro do Carf, na manhã dessa quinta-feira.
“Normalmente, o valor (cobrado da quadrilha que atuou no Carf) era de 10% do valor das autuações. Mas depende do valor da causa. Em causas mais altas, bastava 1% do valor”, afirmou Cajado. Ao todo, a PF identificou prejuízos de R$ 5,7 bilhões com a quadrilha, mas esse valor pode ultrapassar R$ 19 bilhões.
De acordo com a PF, os crimes foram advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Operação envolveu 60 servidores da Receita Federal, 180 Policiais Federais e três servidores da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda. Foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão. A operação que foi deflagrada em São Paulo, no Distrito Federal e no Ceará. Houve também o sequestro de bens e o bloqueio de recursos dos principais envolvidos na investigação. As investigações começaram no fim de 2013.
Segundo a PF, o nome da operação significa “o falso zelo ou cuidado fingido” e é uma referência a conselheiros do Carf “que não vinham atuando com o zelo e a imparcialidade necessárias”.