Agência Câmara - 22 de maio de 2015
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras vai ouvir os depoimentos de 11 pessoas na semana que vem. Todos eles são executivos ou funcionários de empreiteiras acusadas de formação de cartel e pagamento de propina para diretores da estatal ou partidos políticos.
O cronograma previsto é o seguinte:
Terça-feira (26)
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Auler chegou a ser preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, assim como o executivo Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa. Avancini confirmou à CPI da Petrobras que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque.
A Camargo Corrêa venceu licitações no valor de mais de R$ 6 bilhões para obras nas refinarias Getúlio Vargas, no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco. Avancini negou que a Camargo Correa tenha pagado propina por meio de doações oficiais de campanha, mas admitiu que o dinheiro era destinado ao PP (por meio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa) e ao PT (por meio do ex-diretor de Serviços Renato Duque).
José Adelmário Pinheiro Filho, presidente da Construtora OAS
Foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e corrupção. As empresas do grupo OAS celebraram contratos com a Petrobras no valor de R$ 10 bilhões e 48 milhões de dólares entre 2005 e 2014. Nesse período, foram identificadas transferências de R$ 7 milhões para contas controladas pelo doleiro Alberto Youssef – o que a polícia suspeita que seja uma maneira de pagar propinas. A empresa é acusada de pagar propina ao ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Por conta disso, o Ministério Público Federal pede a OAS que devolva aos cofres públicos R$ 988,7 milhões.
Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Côrrea
Apontado pelo presidente da Camargo Correa, Dalton Avancini, como responsável pelos contatos com os políticos e pagamento de propina a diretores da Petrobras. Segundo o empresário Júlio Camargo, da empresa Toyo Setal, houve propina para que a obra da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), fosse dirigida ao consórcio de empresas que ele representava na época, formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa e OAS.
A refinaria estava orçada em R$ 1 bilhão e Camargo afirma ter pagado R$ 6 milhões ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco. Segundo Júlio Camargo, a Camargo Corrêa pagou R$ 23,3 milhões a uma de suas empresas, a Treviso, para ele intermediar o negócio. Ele acusou Leite de controlar o pagamento das propinas aos funcionários da estatal.
Quarta-feira (27)
Executivos do Grupo Schahin - Carlos Eduardo Schahin, Milton Toufic Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin e Pedro Schahin
A Schahin Engenharia, que faz parte do grupo, está entre as empresas citadas como participantes de cartel de empresas que atuavam na Petrobras. Ela arrendava cinco plataformas de perfuração para a estatal. Depois de deflagrada a Operação Lava Jato, ela perdeu os contratos e entrou na Justiça com pedido de recuperação.
Quinta-feira (28)
José Ricardo Nogueira Brechirolli, funcionário da Construtora OAS; e Mateus Coutinho de Sá Oliveira, diretor financeiro da OAS
As empresas do grupo OAS celebraram contratos com a Petrobras no valor de R$ 10 bilhões e 48 milhões de dólares entre 2005 e 2014. A empresa é acusada de pagar propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente da Divisão de Engenharia Industrial da Empresa Galvão Engenharia
Teve o nome envolvido em pagamento de propina pelo engenheiro Shinko Nakandakari, que disse, em depoimento ao Ministério Público Federal, ter pagado propina ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ao ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco e ao ex-gerente-geral de refinaria Abreu e Lima Glauco Legatti em troca de contratos com a estatal. Nakandakari disse que atuava em nome de Fonseca e dos empresários Dario Galvão (presidente da Galvão Engenharia) e Luís Augusto Distrutti (antecessor de Fonseca na empresa).
Entre 2008 e 2014, as empresas do grupo Galvão assinaram contratos no valor de R$ 7,6 bilhões e mais 5,6 milhões de dólares com a Petrobras. Nesse período, a empresa transferiu mais de R$ 5 milhões para contas de empresas de Alberto Youssef, dinheiro supostamente destinado ao pagamento de propina. A Galvão se defende sob o argumento de que foi obrigada a pagar propina para garantir sua participação nas obras.