Agência Senado - 10 de julho 2015
A comissão parlamentar de inquérito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) ouviu nesta quinta-feira (9) o presidente da Mitsubishi no Brasil, Robert Rittscher. O principal alvo das investigações envolve a redução de uma dívida obtida pela empresa junto ao Carf, por meio da qual uma autuação no valor inicial superior a R$ 266 milhões teve sua cobrança reduzida para menos de R$ 1 milhão ao final do processo.
Durante a tramitação no Carf, a Mitsubishi contratou como consultora a empresa Marcondes & Mautoni, que até o momento aparece na Operação Zelotes, da Polícia Federal, como uma das intermediárias no esquema de propinas envolvendo empresas e funcionários do órgão.
No total, a Mitsubishi repassou à Marcondes & Mautoni valores superiores a R$ 40 milhões, segundo Rittscher relativos a serviços prestados, e cuja documentação será posteriormente apresentada à CPI.
Mas o teor do depoimento do empresário não satisfez o presidente da CPI, Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Ele requereu formalmente à assessoria da comissão a elaboração de um requerimento solicitando a quebra dos sigilos telefônico e telemático de Rittscher, que negou ter qualquer tipo de envolvimento com diversos investigados pela Operação Zelotes. O requerimento pode ser votado na próxima reunião do colegiado.
Também com o objetivo de aprofundar as investigações, a CPI aprovou hoje a convocação de Paulo Ferraz, presidente da Mitsubishi na gestão anterior a Rittscher. Ataídes acredita que as investigações envolvendo a empresa devem esclarecer diversos pontos sobre como funcionaria o esquema dentro do Carf.
- A Mitsubishi conseguiu um sucesso escuso, criminoso. Porque resolveram cobrar cerca de R$ 1 milhão? Pra enganar trouxas? - questionou.
O senador chegou a perguntar a Rittscher se ele aceitaria aderir posteriormente a uma delação premiada junto à Polícia Federal, perguntando se ele não temia "ser preso" como aconteceu com Marcelo Odebrecht na Operação Lava-Jato. Mas o empresário garantiu não ter nenhuma razão para fazer isso, pois já estaria prestando todos os esclarecimentos dos casos sobre os quais possui conhecimento.
A relatora, senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), apoiou a quebra dos sigilos do empresário.
- É muito difícil acreditar que ele não possui nenhuma relação com alguns dos investigados na Zelotes - disse.