G1 - 07 de agosto de 2015
A presidente Dilma Rousseff chamou ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira (6) o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar barrar a aprovação no Senado do projeto aprovado pela Câmara que vincula os salários das carreiras da Advocacia-Geral da União e de delegados civis e federais a 90,25% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Atualmente o salário dos ministros do STF, que representa o teto do funcionalismo público, é de R$ 33,7 mil. Com a vinculação em 90,25%, a remuneração das carreiras citadas na proposta de emenda à Constituição passará a ser de R$ 30,4 mil, valor próximo ao da presidente da República – R$ 30,9 mil. Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o impacto da PEC será de R$ 2,4 bilhões nas contas públicas.
Segundo um interlocutor da presidente, o encontro entre ela e Renan nesta quinta no Planalto mostrou que ela pretende dar “mais atenção” ao peemedebista. Segundo este assessor, Dilma quer ter relação de “maior confiança” com o senador.
O encontro de Dilma e Renan não constou da agenda oficial dos dois, porém, segundo este assessor, já havia sido acordado entre a petista e o parlamentar na semana passada. Ainda de acordo com este interlocutor da presidente, ela avalia que o Senado tem “maior responsabilidade com o fiscal” e não deve elevar os gastos do governo.
Conhecida como “pauta-bomba”, a proposta aprovada nesta madrugada na Câmara aumenta os gastos da União. Em meio às medidas de ajuste fiscal propostas pelo Executivo para reduzir gastos e reequilibrar as contas, o Planalto tenta conter no Legislativo projetos que elevem as despesas. No mês passado, por exemplo, Dilma vetou o reajuste aprovado pelo Congresso aos servidores do Judiciário.
Articulação política
Também nesta quinta, Dilma convocou ao Palácio da Alvorada ministros do PT para pedir a eles que apoiem o vice-presidente Michel Temer na condução da articulação política do governo.
Segundo um dos ministros presentes, Dilma deu uma “dura” nos conselheiros políticos e disse que eles “lavaram as mãos” desde que Temer assumiu a interlocução com o Congresso Nacional.