O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ontem (20) que não pretende se licenciar da presidência para se defender no processo aberto contra ele no Conselho de Ética da Casa. “Não existe essa figura”, afirmou Cunha, que é acusado no processo de quebra do decoro parlamentar.
Segunda-feira (19), ao ser questionado por jornalistas, Cunha reafirmou que não renunciará ao cargo. Nesta terça-feira, perguntado se tinha intenção de se licenciar para se defender das acusações de quebra de decoro, Cunha disse não ver “problemas” em conciliar a presidência da Câmara com a sua defesa. “As atividades são múltiplas, e eu tenho tempo para todas”, afirmou.
Quanto à possibilidade de perder o apoio de parlamentares oposicionistas, Cunha disse que “é normal a oposição ter o posicionamento que quiser” e que sua postura permanecerá a mesma. “Minha posição é a mesma, qualquer que seja o posicionamento [da oposição], eu não vou alterar o meu comportamento, nem minha posição.”
Ele ressaltou que não se sente apoiado nem pelo governo nem pela oposição e que não considera tal situação uma perda de condições de ficar no comando da Câmara. “Não será com isso que vou me preocupar. Não vou me preocupar nem com o apoio do governo, nem da oposição, porque não fui eleito por nenhum dos dois.”
Durante a entrevista, Cunha sobre falou também sobre a reunião que o PMDB fará em novembro para tratar de sua permanência na base aliada do governo. Cunha que voltou a defender a saída do PMDB da base aliada. Segundo o deputado, o partido está dividido. “Não sei o que vai acontecer [durante a convenção], se vai manter ou não [o apoio. Isso não está na minha alçada. A minha posição pessoal é a mesma [sair da base], ela não se alterou."
Ao final da entrevista, Cunha comentou declarações feitas hoje pela presidenta Dilma Rousseff na Finlândia, em resposta a jornalistas que perguntaram se o governo não está envolvido em esquema de corrupção. “Eu não sabia que a Petrobras não era do governo”, disse Cunha. A presidenta havia dito, em entrevista coletiva, que seu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. Perguntada se a Petrobras é uma empresa de seu governo, Dilma respondeu: “não é a empresa Petrobras que está envolvida no escândalo. São pessoas que praticaram corrupção e elas estão presas."