Correio Braziliense - 14 de dezembro de 2015
A baixa presença de manifestantes nos atos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff deixaram o governo aliviado, embora a postura de cautela tenha predominado nas análises iniciais feitas neste domingo (13/12). Agora, o Palácio do Planalto espera poder fazer o que tem sido chamado de debate com a sociedade para evitar o afastamento da petista.
O único a comentar publicamente os protestos realizados ontem foi o ministro Edinho Silva (Comunicação Social). Após conversar por telefone com o colega da Casa Civil, Jaques Wagner, Edinho fez declarações diplomáticas em relação às manifestações, chamadas de normais em um regime democrático , e sem estimular o embate com os adversários do governo. Tudo dentro da normalidade em um País democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática , afirmou o ministro.
Segundo a assessoria do Planalto, Dilma permaneceu o dia todo no Palácio do Alvorada, sem receber visitas. As vias de acesso à residência oficial tiveram um dia típico de domingo, com pouco trânsito e turistas ao redor. A poucos quilômetros dali, na Esplanada dos Ministérios, o ato pelo impeachment reunia 3 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
Nas análises repassadas a Dilma por telefone, auxiliares do governo registraram que a presidente não foi poupada nos protestos, mas nenhuma outra figura política foi cortejada pelos manifestantes. Também houve protestos contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que na semana passada ensaiou uma ruptura com o governo por meio de uma carta de queixas, e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Manifestantes pediram a saída dos dois.
O governo avalia que terá o período de festas de fim de ano e de férias escolares para tentar esfriar o clima de tensão política. Pelo menos até março não estão previstas grandes manifestações. É o tempo que o Planalto considera fundamental para reavaliar estratégias políticas e ganhar força na opinião pública. Para auxiliares da presidente, a tese do impeachment, emplacada pela oposição na última semana, ainda não chegou totalmente à sociedade. Nessa análise, o governo ainda teria espaço para disputar a opinião pública.
A meta é intensificar, nas próximas semanas, iniciativas de esclarecimento à população de que os argumentos seriam políticos, e não jurídicos. Ministros próximos da presidente defendem reforçar o discurso de ligar a aceitação do pedido de impeachment a Cunha, que foi denunciado por suspeita de manter dinheiro de propina no exterior