Deputados repercutem nova fase da Operação Lava Jato

Agência Senado - 7 de março de 2016


Foi deflagrada nessa sexta-feira (4) a nova fase da operação Lava Jato, chamada de Operação Aleteia, que significa "busca da verdade" em grego. Cerca de 200 agentes da Polícia Federal e 30 auditores da Receita Federal cumprem, ao todo, 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que presta depoimento no aeroporto de Congonhas, já causa reações na Câmara dos Deputados.


O vice-líder do PT Carlos Zarattini (SP) avalia que a nova fase da Lava Jato tem o objetivo de atingir Lula, o PT e a presidente Dilma Rousseff. Ele considerou a condução coercitiva de Lula como autoritária e desnecessária, já que, segundo o parlamentar, o ex-presidente nunca se negou a prestar depoimento.


"É um absurdo fazer essa operação gigantesca para obter supostas provas em computadores ou nas casas das pessoas. Isso não existe como método de investigação, nós discordamos totalmente”, disse Zarattini. “A Polícia Federal deveria estar preocupada com tantos outros crimes civis, mas está focada em desmoralizar o ex-presidente Lula. Na verdade, a PF se transformou numa polícia política: estamos vendo ressuscitar o antigo DOPS e ela tem atuado absolutamente ao arrepio da lei", completou. O Departamento de Ordem Política Social (DOPS) era um órgão que promovia a repressão política durante a ditadura militar (1964-1985).


O líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), defendeu a continuidade da Operação Lava Jato e disse que já era esperado que a investigação chegasse ao comando da política do País. A possível delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) com novas denúncias dará, segundo ele, mais força à mobilização popular pelo impeachment de Dilma.


"Delcídio não é um senador qualquer: era líder do governo, da maior confiança de Dilma e da intimidade de Lula. Na hora em que ele detalha, passa informações, numa delação que não foi homologada, mas está cada vez mais claro que existe essa documentação, a situação se agrava muito”, ressaltou Imbassahy. “É estarrecedor e causa indignação que um ex-presidente da República tenha tentado obstruir a Justiça e as investigações; e agora fica claro que a própria presidente Dilma, que sempre negou, também estava nessa operação. Por certo, isso vai aumentar a mobilização do dia 13 de março”, acrescentou.


Convocação
O líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), considerou a investigação contra Lula ilegal e também classificou a operação Lava Jato de política. Ele convocou a militância do PT para uma vigília durante todo a sexta-feira.


"A nossa convicção é de que a democracia vencerá e essa contaminação política não prevalecerá. Portanto, vai haver a defesa jurídica; mas, na política, é importante dizer que os pobres do Brasil e o PT vão defender Lula na sua integridade moral, que está sendo atacada ilegalmente. Ele já se dispôs a prestar depoimento e já prestou; portanto, não se justifica [a condução coercitiva]. É uma ação injustificada, ilegal, politicamente coordenada com ações da oposição."


Já o líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), disse que a condução coercitiva de Lula não é uma iniciativa da oposição ou retaliação da Polícia Federal, mas um pedido do Ministério Público feito em fevereiro. Isso prova, segundo ele, o bom funcionamento das instituições do Estado Democrático de Direito.


"Os brasileiros todos estamos envergonhados com o que está se passando no nosso País, e essa condução coercitiva só vem demonstrar que, no Brasil, a lei vale para todos", observou Avelino.


Próximos passos
Lideranças da oposição no Congresso Nacional devem se reunir ainda nesta sexta-feira para adotar uma posição comum.


Além de Lula, entre os alvos desta fase da Lava Jato estão a mulher dele, Marisa; os filhos Marcos Cláudio, Fábio Luis e Sandro Luis; e a nora Marlene Araújo. Na lista de investigados, também estão os empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, assim como Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula. Entre as empresas, há a empreiteira OAS e a Gamecorp, de Fábio Luis.