Mesmo com PEC, não há garantia de que governo equilibre contas públicas

Correio Braziliense - 08 de agosto de 2016
Reforma da Previdência é vital para que a equipe econômica não colecione fracassos


Sozinha, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior não será suficiente para reverter o descalabro das finanças do país. Depois de analisarem, com lupa, o projeto encaminhado pelo governo ao Congresso, especialistas ressaltam que o ajuste fiscal ainda está manco. Para reverter o estrago que se viu nos últimos anos, será preciso medidas duras nos próximos meses e ações de longo prazo, como a reforma da Previdência, que, neste ano, pode ter deficit superior a R$ 200 bilhões se somados os rombos do Instituto Nacional do Seguro Social INSS) com os dos sistemas de aposentadoria de servidores e militares.

O economista Felipe Salto é taxativo. "O governo está apostando todas as fichas na PEC do teto. Mas uma das primeiras lições da economia é não colocar todos os ovos em uma única cesta, o que é muito arriscado. É preciso ter uma agenda mais estruturada e mandar logo um conjunto de medidas de reformas para o Congresso Nacional trabalhar", diz ele, que é coautor do livro Finanças públicas: da contabilidade criativa ao resgate da credibilidade. No entender dele, o governo deve agir rápido tão logo o Senado aprove o impeachment definitivo de Dilma Rousseff. "Não há tempo a perder", frisa.