Boa Informação AL - 19 de agosto de 2016
Depois das sucessivas críticas ao que muitos consideram "frouxidão" e "vacilações" do governo no ajuste fiscal - tanto por parte de setores empresariais quanto de analistas econômicos e políticos e até de um aliado como o PSDB - o presidente-interino Michel Temer parece decido a agir com mais contundência para afastar tal impressão (para muitos, fato) e para mostrar que vai seguir na linha de colocar na linha os gastos públicos.
O governo precisa reforçar mesmo o crédito de confiança que tem recebido sociedade agora já está em xeque.
Ontem o irrequieto mercado financeiro deu sinais de sua inquietação após o senador Renan Calheiros, na quarta-feira, ter suspendido as sessões do Senado para evitar uma derrota da proposta de prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) na Comissão de Assuntos Econômicos. Voltou a sensação de que o Palácio do Planalto pode não ter força para aprovar sem muitas mudanças os projetos de austeridade fiscal.
Hoje o presidente convocou emergencialmente reunião em São Paulo com a cúpula do Congresso, com lideres partidários, com os ministros políticos do Palácio do Planalto e com o ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, para discutir a estratégia do governo no Legislativo daqui para frente.
A intenção é criar um cordão sanitário para evitar que as pressões políticas (inclusive dos governadores) forcem outras concessões como as que já foram feitas, inclusive com novos aumentos para os servidores públicos, para blindar o projeto de renegociação da dívida dos estados e a PEC do teto de gastos.
Na quarta-feira, em jantar com líderes do PSDB, Temer prometeu manter firmeza na política fiscal, após de cobrado diretamente pelo presidente do partido, senador Aécio Neves, e pelo líder no Senado, Cássio Cunha Lima, segundo relato dos tucanos que o governo não contestou. Temer abriu espaço para os tucanos no núcleo de decisões econômicas, incorporando o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes, do PSDB de São Paulo, ao grupo.
No dia 7 de setembro, após voltar da China, sua primeira viagem ao Exterior, e após a confirmação do impeachment, Temer fará seu primeiro "pronunciamento à Nação" como presidente efetivo, cujo tom deverá ser uma defesa enfática do corte de gastos públicos e do ajuste fiscal. Segundo auxiliares do presidente, Temer falará da necessidade de adotar medidas duras na área previdenciária e trabalhista. Aécio sugeriu que ele abra o discurso repetindo o avô dele, Tancredo Neves, quando eleito presidente pelo Congresso Nacional: "É proibido gastar".
Mas Temer, ao mesmo tempo, prepara algumas "bondades" para mostrar que o governo não pensa apenas em "maldades". Segundo o colunista Ilimar Franco, de "O Globo", o presidente deverá lançar, nos próximos dias, o "cartão reforma", uma linha de crédito de R$ 5 mil para as famílias de baixa renda melhorarem suas casas. O projeto está sendo coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, principal coordenador político do Palácio do Planalto.
Outros destaques dos
jornais do dia
- "Plano de privatização fica para setembro" (Folha)
- "Investimento de empresas brasileiras de capital aberto é o mais baixo desde 2009" (Valor)
- "Lançamento de imóveis recuou 10,9% em junho" (Estado)
- "Dívida de empresas nos emergentes cresce e vira preocupação, afirma BIS" (Estado)
- "Lei da Ficha Limpa pode barrar 4,8 mil candidatos este ano" (Estado)
- "Comissão da OEA notifica governo sobre impeachment" (Folha)
- "[Ministro] Barroso diz que a Lei da Ficha Limpa é sóbria" (Globo)
LEITURAS SUGERIDAS
1.Vinícius Torres Freire - "Dólar, conversas paralelas" (diz que na falta de providências que arrume o básico da economia, volta-se a falar da taxa de câmbio, mas que o BC não tem nada o que fazer de muito relevante) - Folha
2.José Paulo Kupfer - "Realismo fora da realidade" (diz que seja formado por um dream team ou por um catado de terceira divisão, não há equipe econômica que escape dos contorcionismos na elaboração dos orçamentos) - Globo
3.Eliane Catanhede - "Novo nome na praça" (diz que o PMDB de Temer lança o nome do empresário Josué Gomes da Silva para 2018 para acalmar os tucanos - mas vai que cola.) - Estado
4.Claudia Safatle - "Fazendo as contas que fazem de conta" (diz que não há no setor público a noção de que as finanças bateram no fundo do poço; ao contrário, o Legislativo e o Judiciário acham que o governo está escondendo dinheiro) - Valor
5.Editorial - "Aprovar a PEC de Gastos será o batismo de fogo de Temer" (diz que deverá delimitar um território de negociações a partir do qual não poderá mais conceder em questões vitais) - Valor