Cunha diz que Dilma mente ao falar em desvio de poder

PRIMEIRA EDIÇÃO ONLINE - AL - 30 de agosto de 2016


O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara e responsável por acolher o pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, divulgou nota à imprensa na noite da segunda-feira (29) para dizer que a presidente afastada mente em seu depoimento ao Senado na sessão do julgamento final do impeachment.
No depoimento inicial que fez ao plenário, com cerca de 45 minutos, Dilma afirmou que o governo buscou o reequilíbrio fiscal em 2015, mas as medidas propostas à época pelo Planalto sofreram forte resistência na Câmara no período em que Cunha presidia a Casa.


Sem citar nomes, ela disse também que arquitetaram sua destruição e encontraram no peemedebista o vértice de sua aliança golpista .


A presidente afastada segue mentindo contumazmente, visando a dar seguimento ao papel de personagem de documentário que resolveu exercer, após a certeza do seu impedimento, em curso pelo julgamento em andamento , afirmou Cunha na nota.


Desde que Cunha acolheu o pedido de impeachment de Dilma, em dezembro do ano passado, Dilma tem dito que o peemedebista cometeu desvio de poder porque, segundo ela, ele só aceitou abrir o processo porque não teve o apoio do PT para barrar o processo ao qual respondia à época no Conselho de Ética da Câmara, que ainda pode levá-lo à cassação do mandato.


Na nota divulgada nesta segunda, Cunha voltou a rebater a tese e disse que as tentativas de barganhas para que ele não acolhesse o pedido de impeachment partiram do governo e não forma aceitas por ele. Chantagem , escreveu Cunha.


O meu ato de abertura do processo de impeachment foi confirmado por votação na comissão especial do impeachment, no plenário da Câmara por 367 votos, e já confirmado em quatro votações no Senado Federal , acrescentou Cunha na nota.


O deputado, atualmente afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, destacou ainda que Dilma mentiu ao dizer que ele, como presidente da Câmara, deu curso às chamadas pautas bombas - propostas de deputados que, em meio ao ajuste fiscal do governo, aumentavam os gastos públicos.


O Senado Federal, em um julgamento com amplo direito de defesa, vem confirmando que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade. Todos os atos por mim praticados estão sendo confirmados até o momento e, ao que parece, está sendo comprovado que decretos da presidente afastada foram editados sem autorização legislativa, o que configura o crime de responsabilidade , escreveu Cunha.


Documentário


Cunha encerra a nota divulgada nesta sexta afirmando que Dilma apresenta desculpas para os documentários da história , incluindo o que ele chama de figurino do golpe, que parece caber mais na história da eleição dela do que na história do impeachment.


Ao longo dos últimos meses, equipes de filmagem têm acompanhado Dilma em todas as agendas dela, públicas ou internas no Palácio da Alvorada, e o andamento do processo de impeachment para produzir documentários sobre o período.


Nota


Veja a nota divulgada por Eduardo Cunha nesta segunda:


Com relação ao depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff, ainda em curso no Senado Federal, tenho a esclarecer o que se segue:


1) A presidente afastada segue mentindo contumazmente, visando a dar seguimento ao papel de personagem de documentário que resolveu exercer, após a certeza do seu impedimento, em curso pelo julgamento em andamento.


2) A presidente afastada mente se utilizando da técnica fascista de que uma mentira é exaustivamente repetida até se tornar verdade.


3) Ela segue me acusando de desvio de poder pela abertura do processo de impeachment, se esquecendo de que já buscou esse argumento no STF e não teve sucesso, reafirmando a lisura do meu ato.


4) As tentativas de barganhas para que eu não abrisse o processo de impeachment partiram do governo dela e por mim não foram aceitas, como já declarei em diversas oportunidades, denunciando com nomes e detalhes essas tentativas. Isso sim foi chantagem.


5) O meu ato de abertura do processo de impeachment foi confirmado por votação na comissão especial do impeachment, no plenário da Câmara por 367 votos, e já confirmado em quatro votações no Senado Federal.


6) A presidente afastada mente quando fala que como presidente da Câmara dei curso a pautas bombas e que não votava os projetos do governo. Desafio a demonstrar qual foi a pauta bomba votada e qual projeto do governo não foi votado. Desafio a demonstrar qual matéria teve inclusão de parte que, após vetada, tenha tido o seu veto derrubado.


7) Em 2015, foram votadas 28 medidas provisórias, 6 projetos oriundos do Governo, incluindo o da repatriação, assim como mais de 30 acordos internacionais, além de dezenas de outras proposições, o que tornou 2015 o ano de recorde de apreciação de projetos.


8) A presidente mente novamente quando fala que a Câmara parou em 2016 e que nada foi votado. Até a data do meu afastamento foram 13 medidas provisórias, dois únicos projetos do Governo tramitando em urgência e 4 acordos internacionais, além de vários projetos oriundos de parlamentares ou do Senado Federal. O atraso do reinício do funcionamento das comissões deveu-se à solução das mudanças partidárias da chamada janela partidária, em nada tendo a ver com a crise política e, mesmo assim, em nada atrapalhou a performance na Câmara.


9) O Senado Federal, em um julgamento com amplo direito de defesa, vem confirmando que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade. Todos os atos por mim praticados estão sendo confirmados até o momento e, ao que parece, está sendo comprovado que decretos da presidente afastada foram editados sem autorização legislativa, o que configura o crime de responsabilidade.


O resto são as desculpas para os documentários da história, incluindo o figurino do golpe, que parece caber mais na história da eleição dela do que na história do impeachment.