DIÁRIO DO GRANDE ABC - ON LINE - SP - 29 de novembro de 2016
Três dias após a queda do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira, 28, que qualquer fatozinho abala as instituições. Diante de uma plateia de empresários, Temer disse que o Brasil não tem instituições muito sólidas, mas classificou as instabilidades como passageiras, que não podem ser levadas a sério , sem citar diretamente a crise.
É interessante que de vez em quando há uma certa instabilidade institucional, um fato ou outro. Como nós não temos instituições muito sólidas, qualquer fatozinho, me permitam a expressão, abala as instituições e o investidor fica um pouco assustado , discursou o presidente em seminário sobre o futuro do País, em Brasília.
O presidente afirmou também não estar assustado com o crescimento das manifestações que pedem sua saída menos de três meses após assumir o cargo definitivamente (mais informações na pág. A5). Nós não devemos nos assustar com determinados movimentos que pleiteiam cada vez mais eficiência , disse. Não temos de nos impressionar com movimentos sociais, com aqueles que postulam, porque são postulações legítimas. Isso só nos faz ficarmos mais atentos ainda para logo alcançarmos o crescimento do País.
Temer pediu apoio dos investidores, sob o argumento de que o governo não age sozinho . Na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, o presidente disse que a confiança está sendo retomada e que a aprovação da proposta será por boa margem de votos . Para o governo, a votação representa um teste de força no Congresso depois da saída de Geddel, um dos principais articuladores políticos.
Nesta segunda, o presidente assumiu as negociações com os senadores para garantir a aprovação da PEC em primeiro turno, em meio à ofensiva da oposição, que protocolou um pedido de impeachment contra ele. Essas instabilidades são passageiras e não podem ser levadas a sério porque levado a sério tem que ser o País. (....) Os senhores podem investir. O Estado brasileiro não os decepcionará , discursou Temer no evento.
Indefinição
Na tentativa de evitar desgastes com a base aliada antes da votação da PEC, espinha dorsal do ajuste fiscal, o governo adiou a escolha do substituto de Geddel. Na lista dos cotados para o cargo estão os assessores palacianos Mozart Vianna e Rodrigo da Rocha Loures, além dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Baleia Rossi (PMDB-SP), líderes dos seus partidos na Câmara.
Após reunião com Temer, o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que a substituição será decidida no momento apropriado e, para evitar disputa entre os partidos, disse que o cargo não é (necessariamente) do PMDB . A vaga não é de ninguém , disse ele, o primeiro dos seis ministros que deixaram a gestão Temer desde maio.
Na votação, Jucá calcula que o governo terá entre 62 e 65 votos - número mais expressivo do que o placar do impeachment de Dilma Rousseff em agosto. Na ocasião, foram 61 votos pelo afastamento da petista.
Agenda positiva
O Palácio do Planalto também busca sair da agenda negativa em que o governo se envolveu há dez dias, desde que Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de pressionar pela aprovação de um empreendimento em Salvador. Geddel deixou o governo na sexta-feira, na esteira de acusações feitas por Calero de que Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também o teriam pressionado.
A estratégia para mudar de assunto passa pela sanção da lei que amplia a participação da iniciativa privada na exploração do pré-sal, em cerimônia hoje no Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.