Câmara aprova em 1º turno PEC sobre servidores de ex-territórios

Agência Câmara Notícias - 07/06/2017


O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 433 votos a 16, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 199/16, do Senado, que permite às pessoas que tenham mantido qualquer tipo de relação de trabalho com os ex-territórios de Roraima e do Amapá optarem pelo quadro em extinção do governo federal se esse vínculo ocorreu entre a data de sua transformação em estado (outubro de 1988) e outubro de 1993.


Um acordo de lideranças partidárias permitiu a aprovação do texto-base da matéria. As emendas serão analisadas a partir da próxima semana, inclusive as sugeridas pela relatora da proposta na comissão especial, deputada Maria Helena (PSB-RR). Essas emendas podem modificar o texto aprovado.


Segunda a deputada, a necessidade de mudanças na Emenda Constitucional 19, de 1998, decorreu do fato de muitas pessoas terem mantido relações de trabalho com esses governos recém-instalados, que, em razão de “difíceis e precárias condições de funcionamento da administração tornaram pouco convencionais as formas de retratar e comprovar vínculos e relações de trabalho havidas entre fins da década de 1980 e início da de 1990”.

Apoio dos partidos
O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), que foi presidente da comissão especial que analisou a PEC, agradeceu o apoio de todas as bancadas à proposta. “A PEC resgata a dignidade de todos os servidores que construíram os estados de Roraima e Amapá”, disse.


Porém, o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) lembrou que ainda há problemas na proposta, porque servidores que não deveriam ser incluídos poderão ser beneficiados pela PEC. “Aqui se pretende dar estabilidade para quem não tinha direito, quem entrou depois de 1988 ou entrou em uma estatal ou autarquia, municípios, e isso não é possível”, disse o deputado, em referência aos destaques que ainda precisam ser votados na próxima semana.


O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), que participou de obstrução para impedir a votação da medida, disse que seu partido não tem nada contra o texto, a não ser o destaque citado por Edmilson Rodrigues. “Inclusive a PEC foi feita originalmente pelo senador Randolfe Rodrigues, quando era nosso filiado, mas estamos em obstrução pedindo a retirada do presidente da República, não podemos votar como se vivêssemos em normalidade”, explicou.


A deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) defendeu a medida e relembrou que houve um acordo na comissão especial que avaliou a proposta com a participação de deputados de todos os estados da região. “Não se trata de nada mais que justiça aos trabalhadores que ajudaram a construir os novos estados”, disse.


Deputados de Rondônia estão tentando incluir, por destaques, servidores do estado na medida, o que corrigiria um engano, segundo o deputado Marcos Rogério (DEM-RO). “Estamos fazendo um diálogo com os deputados da região Norte para que Rondônia seja incluída”, disse.


Defesa dos servidores
Para a relatora da PEC, deputada Maria Helena, a proposta faz parte de uma trajetória longa que terminará com a aprovação da proposta. “Esses servidores merecem o nosso esforço, porque deram seu sangue para construir nossos estados. Houve discriminação desses trabalhadores, e todas as normas que já tentamos para resolver a questão não foram efetivas”, disse a deputada, ao citar duas outras emendas constitucionais, de 1998 e 2014.


A PEC chegou a entrar nas discussões sobre a pauta do Plenário diversas vezes, mas nunca havia sido votada. “Lutamos para manter essa proposta na pauta e, finalmente, veremos aprovada”, disse a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP).


Para o deputado Abel Mesquita Jr. (DEM-RR), mais que um benefício, a PEC se traduz em reconhecimento pelo serviço prestado. “O aparato público dos estados estaria muito pior se não fossem esses servidores”, disse.