Agência Câmara Notícias - 27/06/2017
Líderes da Minoria, PT, PCdoB e PDT anunciaram nesta terça-feira (27) uma nova estratégia contra o governo Michel Temer. Os deputados defenderam a suspensão do recesso previsto para julho, a fim de analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República que acusa o presidente de corrupção passiva, e reforçaram a obstrução a propostas legislativas e a convocação de manifestações.
A decisão foi divulgada logo após o pronunciamento feito nesta tarde por Michel Temer, que rechaçou a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. O presidente também questionou a atuação do Ministério Público Federal no caso.
Acompanhado de parlamentares de partidos aliados – o que chamou de “apoio espontâneo” –, Temer disse que a denúncia é “ficção” e afirmou ser vítima de uma infâmia. “Fui denunciado por corrupção passiva, sem jamais ter recebido valores, nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem”, declarou Temer.
A denúncia da PGR se baseia em diálogos gravados e na delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F – que controla o frigorífico JBS e outras empresas – e na ação controlada da Polícia Federal que flagrou o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures recebendo uma mala de dinheiro.
Avaliações
Para o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), a obstrução à agenda do Temer e a suspensão do recesso demonstrarão que não há normalidade no País. “A crise é de tal dimensão que não comporta sairmos de férias em julho. Também não concordamos em votar medidas provisórias como se nada estivesse ocorrendo”, disse Guimarães, reconhecendo que a oposição não tem número suficiente para inviabilizar os trabalhos. “Vamos fazer obstrução dentro das nossas limitações.”
O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), afirmou a oposição estará vigilante para que o Regimento Interno seja cumprido no trâmite, dentro da Câmara, da denúncia contra Michel Temer. A líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), defendeu que a apreciação da denúncia pelo Plenário ocorra em um domingo, com transmissão ao vivo por todos os meios de comunicação, “para que a população possa conferir como votam os deputados”.
Plenário
Durante os debates em Plenário nesta tarde, a oposição criticou o pronunciamento de Michel Temer. Vice-líder da Minoria, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) chamou de “ridícula” a fala do presidente. “Contra ele há provas robustas de gravações, de dinheiro, de imagem, de tantas coisas, mas, sem provas, Temer acusa o procurador-geral de ter recebido dinheiro”, afirmou.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) cobrou que a Câmara autorize o julgamento de Temer pelo Supremo Tribunal Federal, aceitando dar seguimento à denúncia. “Não pode pairar dúvidas sobre a integridade de um presidente da República. É preciso que a denúncia caminhe e que Temer se defenda no STF. Há elementos robustos na denúncia”, disse.
O deputado Delegado Edson Moreira (PR-MG) sugeriu o afastamento de Temer. “É vergonhoso o que está acontecendo no País. A Câmara deve deixar que a denúncia seja analisada pelo Judiciário. Se fosse eu um presidente da República denunciado ou investigado certamente me afastaria”, disse.