Agência Brasil - 10/09/2017
Reunidos no 22º Congresso Brasileiro de Economia, profissionais de todo o país aprovaram carta em que defendem a reforma tributária e criticam o que chamam de desnacionalização de setores estratégicos da economia.
Na versão final do documento, os economistas lamentam a amplitude do contingenciamento orçamentário.
O congresso, encerrado na noite de sexta-feira (8), mobilizou mais de 1,5 mil economistas brasileiros e também convidados internacionais. Os principais temas em debate foram reforma tributária, infraestrutura do setor elétrico, Previdência Social, agricultura, desenvolvimento industrial, política cambial, papel do estado na economia e jornalismo econômico. Organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), o evento é considerado o maior da área no país. Neste ano, o congresso teve como tema Desenvolvimento Econômico, Justiça Social e Democracia: Bases para um Brasil Contemporâneo.
Na Carta de Belo Horizonte, os economistas afirmam que o Estado brasileiro gasta muito com "transferências para os que estão no topo da pirâmide social, mediante juros da dívida pública, subsídios creditícios, desonerações e isenções fiscais, sacrificando os programas e políticas sociais", e propõem a tributação sobre lucros e dividendos de pessoa física.
Segundo o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, a crise brasileira é estrutural, e no longo prazo não há saída sem mexer no modelo tributário. "No Brasil, quem recebe até dois salários mínimos tem carga tributária total de 49% dos seus rendimentos. São 3% de tributos diretos e 46% de indiretos. Enquanto quem tem rendimentos superiores a 30 salários mínimos tem carga tributária de 26%. São 10% de tributos diretos e 16% de indiretos. O Brasil é mesmo singular. Aqui quem reclama de pagar impostos são aqueles que menos pagam e mais sonegam", afirmou Miragaya.
Sobre a chamada desnacionalização da economia, os congressistas manifestaram receio de que uma eventual onda de privatizações que alcance empresas como Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para eles, haveria risco de perda da soberania nacional. Na carta, os economistas criticam ainda os bancos e as grandes corporações, por tentarem impor seus interesses ao conjunto da sociedade brasileira.
Política econômica
Ao pedir justiça social e democracia, o documento destaca que a política de valorização do salário mínimo, alidada a programas sociais, permitiu uma melhoria da qualidade de vida no país.
Para o economista Antônio Correia Lacerda, que recebeu no congresso o Prêmio Personalidade Econômica do Ano de 2016, há no Brasil um processo de "apequenamento" do conceito de política econômica. Para Lacerda, a economia não pode ser considerada apenas como finanças de curto prazo e deve levar em conta estratégias para redução das desigualdades.
"Uma ciência ampla está hoje restrita a problemas financeiros de curto prazo. O Brasil está metido numa armadilha que só se preocupa com as metas de inflação. Antigamente, tínhamos meta de superávit. Agora temos meta de déficit", acrescentou Lacerda.
Reunidos no 22º Congresso Brasileiro de Economia, profissionais de todo o país aprovaram carta em que defendem a reforma tributária e criticam o que chamam de desnacionalização de setores estratégicos da economia.
Na versão final do documento, os economistas lamentam a amplitude do contingenciamento orçamentário.
O congresso, encerrado na noite de sexta-feira (8), mobilizou mais de 1,5 mil economistas brasileiros e também convidados internacionais. Os principais temas em debate foram reforma tributária, infraestrutura do setor elétrico, Previdência Social, agricultura, desenvolvimento industrial, política cambial, papel do estado na economia e jornalismo econômico. Organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), o evento é considerado o maior da área no país. Neste ano, o congresso teve como tema Desenvolvimento Econômico, Justiça Social e Democracia: Bases para um Brasil Contemporâneo.
Na Carta de Belo Horizonte, os economistas afirmam que o Estado brasileiro gasta muito com "transferências para os que estão no topo da pirâmide social, mediante juros da dívida pública, subsídios creditícios, desonerações e isenções fiscais, sacrificando os programas e políticas sociais", e propõem a tributação sobre lucros e dividendos de pessoa física.
Segundo o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, a crise brasileira é estrutural, e no longo prazo não há saída sem mexer no modelo tributário. "No Brasil, quem recebe até dois salários mínimos tem carga tributária total de 49% dos seus rendimentos. São 3% de tributos diretos e 46% de indiretos. Enquanto quem tem rendimentos superiores a 30 salários mínimos tem carga tributária de 26%. São 10% de tributos diretos e 16% de indiretos. O Brasil é mesmo singular. Aqui quem reclama de pagar impostos são aqueles que menos pagam e mais sonegam", afirmou Miragaya.
Sobre a chamada desnacionalização da economia, os congressistas manifestaram receio de que uma eventual onda de privatizações que alcance empresas como Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para eles, haveria risco de perda da soberania nacional. Na carta, os economistas criticam ainda os bancos e as grandes corporações, por tentarem impor seus interesses ao conjunto da sociedade brasileira.
Política econômica
Ao pedir justiça social e democracia, o documento destaca que a política de valorização do salário mínimo, alidada a programas sociais, permitiu uma melhoria da qualidade de vida no país.
Para o economista Antônio Correia Lacerda, que recebeu no congresso o Prêmio Personalidade Econômica do Ano de 2016, há no Brasil um processo de "apequenamento" do conceito de política econômica. Para Lacerda, a economia não pode ser considerada apenas como finanças de curto prazo e deve levar em conta estratégias para redução das desigualdades.
"Uma ciência ampla está hoje restrita a problemas financeiros de curto prazo. O Brasil está metido numa armadilha que só se preocupa com as metas de inflação. Antigamente, tínhamos meta de superávit. Agora temos meta de déficit", acrescentou Lacerda.