Agência Brasil - 15/11/2017
Os cartões de loja são hoje a forma de financiamento que mais leva o consumidor para a inadimplência. Entre os devedores que têm esse tipo de cartão, 80% estão com o nome sujo justamente por causa dele. No ano passado, o índice era de 73%. A conclusão é de um levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais. Na segunda colocação, aparecem os empréstimos em bancos e financeiras, que lideravam o ranking em 2016 com 75% e agora estão dez pontos percentuais abaixo.
Na sequência, aparecem os cartões de crédito (65%), os cheques especiais (64%), o crediário (60%), os cheques pré-datados (51%), o financiamento de automóveis e motos (50%), o crédito consignado (38%), o financiamento da casa própria (27%) e as mensalidades escolares (24%).
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, por mais que a economia brasileira comece a dar sinais de melhora, a vida financeira do brasileiro ainda não está em situação confortável. “O desemprego está estável, mas elevado, e a renda segue menor do que nos anos anteriores à crise. Com orçamento curto, o brasileiro se depara com dificuldades para pagar as dívidas”, explica. “Por isso é preocupante que as dívidas bancárias se posicionem entres os primeiros colocados, porque a incidência de elevados juros por atraso faz com que essas dívidas cresçam de maneira acelerada, dificultando cada vez mais o pagamento.”
Inadimplentes
O estudo revela também que os devedores brasileiros continuam assumindo novos compromissos financeiros, mesmo não estando em dia com os que já tinha. Nesse cenário, o maior crescimento é o das compras feitas em carnês e crediários. A incidência em um ano foi de 11% para 21%. O cartão de crédito também teve expansão expressiva, de 40% para 48%.
Nas dívidas em razão da contratação de serviços, as maiores altas foram com telefonia (53%), com expansão de 11 pontos percentuais entre 2016 e 2017, e das contas de TV por assinatura e internet, de 33% para 44%. Isso indica que o consumidor está priorizando manter em dias as contas mais importantes, como água e luz.