Correio Braziliense - 30 de dezembro de 2019
Como 2020 tem eleições, comissão mista que unificará PECs só terá o primeiro semestre para debater e votar o texto. Presidente do colegiado e relator trabalharão em janeiro
O primeiro desafio será chegar a um consenso, pois o senador defende mudanças no imposto sobre o consumo mais alto e que mais onera os pobres no Brasil. A PEC 45, porém, vai por outro caminho e extingue o IPI, o PIS e o Cofins, federais, o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal, e cria o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). No meio do caminho, o senador ainda pretende fazer uma viagem, acompanhado de outros membros da comissão, do Ministério da Economia e de representantes de estados e municípios, para conhecer o sistema tributário do Canadá e da Austrália.
Apesar dos planos, o senador admitiu que o tempo é curto. "Queremos fazer a viagem em fevereiro. Em março, quero iniciar a votação na comissão parar dar tempo de votar no plenário ainda em 2020. Só teremos o primeiro semestre. E janeiro não conta. São quatro meses e não podemos passar mais um ano sem a reforma. Na hora que formos discutir uma diferença de ponto de vista, vai prevalecer o modelo melhor para o Brasil, e não da Câmara ou Senado. É natural ouvir a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para ver o que acontecerá", afirmou.
A postos
O vice-presidente da comissão mista, presidente do colegiado que debate a PEC 45 na Câmara, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), disse que está pronto para trabalhar no mês de janeiro. Ele aguarda que o presidente do Senado crie, oficialmente, a comissão mista. "Eu estou disposto a trabalhar no recesso. A intenção era criar a comissão em dezembro para trabalharmos no mês de janeiro, porque 2020 é um ano de eleições. Se não trabalharmos no primeiro semestre, não conseguiremos avançar no segundo", alertou.
Otimista com a aprovação do texto no plenário da Câmara, o economista e ex-deputado Luiz Carlos Hauly, autor do texto da PEC 110, não acredita que haverá avanço durante o recesso, por conta da ausência dos demais componentes da comissão. "Faltava uma iniciativa propositiva e foi tomada. O problema é que estamos no período de férias", garantiu. Ele avaliou que o andamento das PECs, em separado, impulsionará o debate de um novo texto. "A PEC do Senado contempla os outros projetos e está mais adiantada. Criar um IVA já é unanimidade. Só temos que debater o tamanho. Estou convencido que terminaremos dentro do prazo. Mas, no recesso, estou entendendo que não terá trabalho", disse.