Valor Econômico - 10 de janeiro de 2020
A reservas internacionais são ativos que o país possui em moedas estrangeiras e representam um seguro contra crises cambiais. Com a venda de reservas, houve uma redução desse seguro. O lado positivo dessa operação, porém, foi a queda de cerca de R$ 140 bilhões na dívida bruta do país, ou dois pontos percentuais do PIB - em novembro, a dívida estava em 77,7% do PIB.
A atuação da autoridade monetária está alinhada com diretriz do Ministério da Economia, de aproveitar desvalorizações cambiais para vender dólares, reduzir as reservas, abater a dívida pública e baixar seu custo.
A diminuição do colchão de segurança cambial não é vista com preocupação por economistas. O nível atual das reservas permanece de acordo com métricas do FMI e parece pouco provável que o país tenha de recorrer neste ano a vendas de dólares no mesmo volume de 2019. O diretor no ASA Bank e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, considera que o nível ótimo das reservas estaria entre US$ 250 bilhões e R$ 300 bilhões, havendo, portanto, bastante espaço para eventuais intervenções do BC.
Uma fonte da área econômica observa que a redução das reservas foi uma estratégia adequada, bem ao estilo do gerenciamento de portfólio de ativos. Ao vender a moeda americana com cotação acima de R$ 4, explica, foi como se o governo "realizasse lucros" com as reservas e ainda produzisse uma melhor equação entre proteção externa e desenho fiscal. Tanto que isso foi feito e o risco-país manteve-se em queda. Página C1