Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros
09/10/2020 09h00 | Última Atualização: 09/10/2020 09h00
Puxada novamente pela alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis, a inflação subiu 0,64% em setembro, ficando acima da taxa registrada em agosto (0,24%). Esse é o maior resultado para um mês de setembro desde 2003, quando o indicador foi de 0,78%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (9), pelo IBGE.
No ano, a inflação acumula alta de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%, acima dos 2,44% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2019, o indicador havia ficado em -0,04%.
A maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 p.p.) no IPCA vieram do grupo alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao resultado de agosto (0,78%), puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%. Juntos, arroz e óleo de soja tiveram impacto maior (0,16 p.p) que as carnes (0,12 p.p), cuja a variação foi de 4,53%.
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta nos preços do arroz e do óleo está relacionada ao dólar alto e à maior demanda interna.
“O câmbio num patamar mais elevado estimula as exportações. Quando se exporta mais, reduz os produtos para o mercado doméstico e, com isso, temos uma alta nos preços. Outro fator é demanda interna elevada, que por conta dos programas de auxílio do governo, como o auxílio emergencial, tem ajudado a manter os preços num patamar elevado. No caso do grão de soja, temos ainda forte demanda da indústria de biodiesel”, explica.
Outros produtos que subiram na cesta das famílias foram o tomate (11,72%) e o leite longa vida (6,01%). Por outro lado, caíram os preços da cebola (-11,80%), da batata-inglesa (-6,30%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).
Além de alimentos e bebidas, seis grupos também tiveram alta em setembro, com destaque para os artigos de residência (1,00%), os transportes (0,70%) e habitação (0,37%). O grupo vestuário, após quatro meses consecutivos de quedas, também apresentou alta de 0,37% contribuindo com 0,02 p.p. para o resultado de setembro.
“Nos transportes, os combustíveis continuam em alta, principalmente, a gasolina (1,95%), cujos preços aumentaram em todas as áreas pesquisadas, exceto Salvador. A gasolina é o subitem de maior peso no IPCA. As passagens aéreas (6,39%) também aumentaram após quatro meses em queda. Lembrando que a coleta de preços das passagens aéreas é feita com dois meses de antecedência. Os preços foram coletados em julho para quem ia viajar em setembro”, detalha Kislanov.
Entre os grupos que tiveram redução nos preços, o gerente da pesquisa destaca o maior impacto negativo (-0,09 p.p) de saúde e cuidados pessoais, que também teve a menor variação (-0,64%) em setembro. “Isso deve-se à queda de 2,31% nos planos de saúde. Em agosto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu suspender a aplicação de reajustes aos contratos de planos de saúde para todos os tipos de planos até o fim de 2020”, explica.
Os demais grupos ficaram entre o recuo de 0,09% em Educação e a alta de 0,15% em Comunicação.
Preços sobem nas 16 localidades pesquisadas
Em setembro, todas as 16 regiões pesquisadas pelo IPCA tiveram alta nos preços. Campo Grande (1,26%) teve o maior índice, muito em função da alta das carnes (6,63%), da gasolina (2,69%) e da energia elétrica (3,41%). Outros destaques foram Fortaleza (1,22%), Rio Branco (1,19%), Goiânia (1,03%) e São Luís (1,00%).
O menor resultado ficou com a região metropolitana de Salvador (0,23%), especialmente por conta da queda nos preços da gasolina (-6,04%).
INPC tem maior alta para setembro desde 1995
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,87%, maior resultado para um mês de setembro desde 1995, quando o índice foi de 1,17%. Em agosto, o indicador ficou em 0,36%. No ano, o INPC acumula alta de 2,04% e, nos últimos 12 meses, de 3,89%. Em setembro de 2019, a taxa foi de -0,05%.
Os preços dos produtos alimentícios subiram 2,63% em setembro, enquanto que no mês anterior haviam registrado 0,80%.
O INPC é calculado com base em famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado, em dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Já o IPCA abrange famílias que ganham até 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte.
09/10/2020 09h00 | Última Atualização: 09/10/2020 09h00
Puxada novamente pela alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis, a inflação subiu 0,64% em setembro, ficando acima da taxa registrada em agosto (0,24%). Esse é o maior resultado para um mês de setembro desde 2003, quando o indicador foi de 0,78%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (9), pelo IBGE.
No ano, a inflação acumula alta de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%, acima dos 2,44% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2019, o indicador havia ficado em -0,04%.
A maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 p.p.) no IPCA vieram do grupo alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao resultado de agosto (0,78%), puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%. Juntos, arroz e óleo de soja tiveram impacto maior (0,16 p.p) que as carnes (0,12 p.p), cuja a variação foi de 4,53%.
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta nos preços do arroz e do óleo está relacionada ao dólar alto e à maior demanda interna.
“O câmbio num patamar mais elevado estimula as exportações. Quando se exporta mais, reduz os produtos para o mercado doméstico e, com isso, temos uma alta nos preços. Outro fator é demanda interna elevada, que por conta dos programas de auxílio do governo, como o auxílio emergencial, tem ajudado a manter os preços num patamar elevado. No caso do grão de soja, temos ainda forte demanda da indústria de biodiesel”, explica.
Outros produtos que subiram na cesta das famílias foram o tomate (11,72%) e o leite longa vida (6,01%). Por outro lado, caíram os preços da cebola (-11,80%), da batata-inglesa (-6,30%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).
Além de alimentos e bebidas, seis grupos também tiveram alta em setembro, com destaque para os artigos de residência (1,00%), os transportes (0,70%) e habitação (0,37%). O grupo vestuário, após quatro meses consecutivos de quedas, também apresentou alta de 0,37% contribuindo com 0,02 p.p. para o resultado de setembro.
“Nos transportes, os combustíveis continuam em alta, principalmente, a gasolina (1,95%), cujos preços aumentaram em todas as áreas pesquisadas, exceto Salvador. A gasolina é o subitem de maior peso no IPCA. As passagens aéreas (6,39%) também aumentaram após quatro meses em queda. Lembrando que a coleta de preços das passagens aéreas é feita com dois meses de antecedência. Os preços foram coletados em julho para quem ia viajar em setembro”, detalha Kislanov.
Entre os grupos que tiveram redução nos preços, o gerente da pesquisa destaca o maior impacto negativo (-0,09 p.p) de saúde e cuidados pessoais, que também teve a menor variação (-0,64%) em setembro. “Isso deve-se à queda de 2,31% nos planos de saúde. Em agosto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu suspender a aplicação de reajustes aos contratos de planos de saúde para todos os tipos de planos até o fim de 2020”, explica.
Os demais grupos ficaram entre o recuo de 0,09% em Educação e a alta de 0,15% em Comunicação.
Preços sobem nas 16 localidades pesquisadas
Em setembro, todas as 16 regiões pesquisadas pelo IPCA tiveram alta nos preços. Campo Grande (1,26%) teve o maior índice, muito em função da alta das carnes (6,63%), da gasolina (2,69%) e da energia elétrica (3,41%). Outros destaques foram Fortaleza (1,22%), Rio Branco (1,19%), Goiânia (1,03%) e São Luís (1,00%).
O menor resultado ficou com a região metropolitana de Salvador (0,23%), especialmente por conta da queda nos preços da gasolina (-6,04%).
INPC tem maior alta para setembro desde 1995
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,87%, maior resultado para um mês de setembro desde 1995, quando o índice foi de 1,17%. Em agosto, o indicador ficou em 0,36%. No ano, o INPC acumula alta de 2,04% e, nos últimos 12 meses, de 3,89%. Em setembro de 2019, a taxa foi de -0,05%.
Os preços dos produtos alimentícios subiram 2,63% em setembro, enquanto que no mês anterior haviam registrado 0,80%.
O INPC é calculado com base em famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado, em dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Já o IPCA abrange famílias que ganham até 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte.