Guedes é boquirroto, blefador e se vale dos mesmos estratagemas de Jair Bolsonaro, de falsificar a realidade.
No final do ano passado, analisamos os indicadores que, supostamente, indicariam a recuperação da economia – segundo Guedes – e nenhum deles dava a menor indicação da reversão da crise. Mesmo assim, continua insistindo que a economia se recuperaria em V, não fosse a pandemia.
Agora, anuncia uma nova recuperação em V, contra todos os sinais.
- A bomba do desemprego.
Com o fim do auxílio emergencial, haverá uma explosão maior no próximo ano, com a possibilidade da taxa de desemprego bater nos 20%.
- A recuperação econômica.
A volta da economia depende fundamentalmente do emprego – que não irá se recuperar. Guedes é incapaz de montar uma política ativa de crescimento. Seu repertório teórico ainda não conseguiu superar a miragem do choque fiscal anticíclico. É uma loucura de cabeças de planilha, que não resiste à menor análise.
- Investimentos são diretamente proporcionais à demanda.
- Se a economia está em qeuda e há um choque fiscal, amplia a queda da demanda, a capacidade ociosa.
- Mas, segundo a lógica guediana, se o investidor sentir firmeza nos cortes fiscais, será estimulado a investir.
A questão central é: investir para quê, se o retorno do investimento depende da demanda?
- Equilíbrio fiscal.
Tem-se, de um lado, o torniquete da Lei do Teto. Todas as estimativas revelam impossibilidade de montar um orçamento minimamente viável, que se enquadre nas restrições da Lei. Ao mesmo tempo, o rigor fiscal, em um quadro de economia em queda, acentua o movimento de queda e, com ele, a não recuperação das receitas fiscais.
- O aumento da inflação.
A incapacidade de Guedes de administrar estoques reguladores e criar amortecedores para a alta das commodities – influenciada pelo câmbio, pelas exportações e pelas cotações internacionais – promoveu uma pressão disseminada de preços.
A pressão dos preços
Vamos a um detalhamento do IPCA-15 de novembro.
No gráfico abaixo, analisa-se o peso de cada item no índice final. Desde fevereiro, o IPCA-15 acumulado foi de 2,41%. Desse total, 2,05% se devem ao grupo Alimento e Bebidas.
Uma análise dos subgrupos de Alimentação, identifica facilmente a razão das altas: exportações excessivas e desvalorização cambial.
Desde fevereiro, as maiores altas foram em Cereais, Leguminosas e Oleaginosas (48,95%), Óleos e Gordura (46,79%).
Quando se analisa o peso de cada produto no índice final, derivados de oleaginosas, carne e laticínios puxam a fila.
No Índice de Preços ao Produtor do IBGE aparecem nitidamente as pressões no atacado. Os últimos levantamentos do IBGE referem-se ao mês de setembro. Dps 23 setores acompanhados, 22 registraram altas.
A maior alta foi em Resinas e Elastômeros, largamente utilizados para material elétrico, garrafas, brinquedos e material de segurança.
Desde fevereiro, derivados de carne experimentaram alta de 41%, assim como laticínios, produtos siderúrgicos e químicos.
A quadratura do círculo
O nó está dado.
- Elevação da Selic, encarecendo o crédito e a dívida pública e atrasando ainda mais a recuperação.
- Cortes maiores de despesas e investimentos públicos, abortando qualquer possibilidade de recuperação econômica.
- Aumento do déficit fiscal, por conta do moto contínuo dos cortes: mais cortes -> menos atividade -> menos receita fiscal -> mais corte.
- Bomba relógio da explosão do desemprego e das tensões sociais.
O único ponto menos pessimista será a atuação do Congresso, impedindo a manutenção dessa caminhada para o desastre, desenhada por Guedes.