O governo se comprometeu a corrigir a tabela do Imposto de Renda (IR) deste ano em 4,5%, mas, mesmo que cumpra a promessa (a medida ainda depende da aprovação legal), não evitará o acúmulo de perdas de 45,60% pelos brasileiros. Estudo da Consultoria Ernst & Young revelou que, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 97,8% nos últimos 15 anos, as faixas de salários tributadas foram reajustadas em apenas 53,5%. O levantamento mostra que o Brasil está entre os países da América Latina que têm a maior defasagem na tabela do IR, perdendo apenas para a Venezuela e a Colômbia. "O intuito, com esse levantamento, é alertar o governo que o mais justo do ponto de vista fiscal é, no mínimo, repor a inflação de cada ano na tabela do IR", afirmou o consultor de Imposto de Renda da Ernst & Young Daniel Villas. Na avaliação de Villas, o Chile é o melhor exemplo a ser seguido, pois o país reajusta a tabela do IR mensalmente, de acordo com a carestia dos produtos na economia. O estudo da Ernst & Young aponta ainda que em alguns países dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), não foi feito, nos últimos 15 anos, nenhum tipo de ajuste na tabela do IR. Na Rússia, esse fato resultou em uma defasagem de 294% em relação à inflação, enquanto na China, a perda foi de apenas 27,60%.