Procurada desde terça-feira, a secretária não quis se pronunciar. Nos últimos sete meses, Lina substituiu não apenas adjuntos que trabalhavam com ela, mas também superintendentes de quase todas as regiões fiscais.
O problema é que a turma de Lina vem sendo acusada por opositores de escolher nomes com base em interesses sindicais e desmontar uma estrutura eficiente, criada por Everardo Maciel e continuada por Jorge Rachid, que o sucedeu. Greve de auditores também teria afetado arrecadação. Funcionários graduados do Fisco afirmam, por exemplo, que a estratégia de fiscalização - que deveria ter sido concluída em outubro - ainda não ficou pronta, o que sinaliza para os contribuintes que o combate à sonegação está enfraquecido.
Uma prova disso seria o fato de que, no ano passado, a Receita registrou uma queda de mais de R$ 30 bilhões nas autuações feitas a pessoas físicas e jurídicas por sonegação fiscal. Em 2007, as autuações somaram R$ 108 bilhões. Segundo um técnico, a redução dos resultados de 2008 se deve também à falta de eficiência na segunda metade do ano. ?A fiscalização está desarticulada?, afirma o técnico da Receita.
Lina chegou ao comando da Receita por indicação do secretário-executivo Nelson Machado, que tem tido influência cada vez mais direta no órgão. Tanto que os indicados para ocupar cargos de chefia são entrevistados hoje não apenas por Lina, mas também por Machado. ?Quem manda na Receita hoje é o Nelson Machado. Isso é muito claro?, afirma um funcionário graduado.
A força de Machado é tal que são cada vez mais fortes os rumores de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve efetivá-lo no comando da Receita em abril ou maio. A avaliação no ministério é de que Lina pode não ter sido uma boa escolha. A preocupação com um eventual desequilíbrio na Receita já chegou ao Congresso Nacional. Segundo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o processo de sindicalização do Fisco é perigoso. ?Corre-se o risco de desarticulação de um órgão que hoje funciona muito bem?. (Jornal O Globo, deste domingo, dia 15).