A taxa real de desemprego no Brasil supera os 25% e é praticamente o dobro da taxa oficial anunciada pelo governo, de 12,9%. Esse dado alarmante integra o estudo “Diagnóstico do Trabalho no Brasil”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos Tributários (GET) do Sindireceita e lançado em 1º de julho. A pesquisa foi tema de entrevista concedida virtualmente pelo presidente do Sindicato, Geraldo Seixas, à Agência Servidores na última sexta-feira, dia 3. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Umberto Goularte e transmitida ao vivo na página da Agência do Servidor.

O estudo dos Analistas-Tributários aponta que mais de 64 milhões de brasileiros adultos se encontram desempregados ou na informalidade, o que equivale a 55% da força de trabalho do país. São quase 30 milhões de brasileiros adultos que não trabalham, não estudam e que não têm qualquer fonte de renda. Além do diagnóstico sobre o nível real de emprego, o estudo também constata que apenas 1 a cada 4 brasileiros adultos suporta o atual sistema de Seguridade Social, e que apenas 1 em cada 3 empreendedores se encontra formalizado. Saiba mais aqui.

De acordo com o presidente do Sindireceita, Geraldo Seixas, a pesquisa dos Analistas-Tributários visa somar esforços para a superação do cenário de crise vivenciado pelo Brasil. “Nossa preocupação é poder colaborar com o enfrentamento das crises que estão aí, nas áreas sanitária, fiscal, econômica e política. Nós, enquanto Sindicato, temos estudado há muito tempo a questão da tributação, da previdência e do emprego para termos subsídios para entrar nesse debate e poder apresentar aos articuladores políticos e ao próprio governo algumas sugestões de solução. Este trabalho vai neste sentido”, esclareceu Seixas.

O presidente do Sindireceita destacou ainda que o Grupo de Estudos Tributários do Sindicato produziu o diagnóstico em função da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final do mês de junho. Neste sentido, Geraldo Seixas esclareceu que a metodologia utilizada pela PNAD não abrangeu o número significativo de desalentados no país. “A metodologia utilizada na PNAD recente tem uma abordagem que exclui uma boa parcela dos desempregados, que são chamados desalentados. São pessoas que estão desocupadas e não procuram mais empregos. Nós entendemos que os desalentados deveriam compor esses números. Quando essa composição é feita, o índice chega a esse absurdo de quase o dobro daquilo que o próprio governo informa”, explicou.

Ainda durante a entrevista, Geraldo Seixas ressaltou que o combate à informalidade é uma importante medida para a superação do cenário de crise no país, que foi aprofundado pelos impactos das reformas trabalhista e previdenciária. Segundo Seixas, a realização de uma reforma tributária justa e equilibrada também será crucial para o enfrentamento deste grave quadro a longo prazo. “A reforma da Previdência foi feita com foco apenas na despesa e não em sua fonte de financiamento. A reforma trabalhista também foi feita do mesmo jeito, precarizando as atividades do trabalho. A reforma tributária precisa resolver um pouco desse cenário da informalidade e, para isso, nós temos algumas propostas. É um equívoco imaginar que uma reforma tributária, por si só e de forma emergencial, irá resolver o problema a curto prazo. Por isso é preciso um pacto nacional entre o Parlamento, o Executivo, o Judiciário e a própria sociedade para que a gente tenha alguma chance de sucesso”, avaliou.

Ao final da entrevista, o presidente do Sindireceita também destacou que o Sindicato trabalha diuturnamente em prol da valorização dos Analistas-Tributários, do serviço público e da aproximação com a sociedade. “Esse trabalho é ofertado ao público e gostaríamos que ele fosse aproveitado e analisado de forma muito técnica. O objetivo do Sindireceita é contribuir com o país, fortalecer o serviço público e melhorar a imagem dos servidores perante a população. Essa melhoria da visibilidade do serviço público só vem com o aumento da eficiência dos serviços que são prestados. A sociedade precisa entender que para que isso ocorra é necessário que haja os investimentos no serviço público para que a população seja bem atendida em todos os aspectos, principalmente, saúde, segurança e educação”, disse.

Diagnóstico do Trabalho no Brasil (Estudo Completo): https://bit.ly/2Zqbu4x

Diagnóstico do Trabalho no Brasil (Infográfico): https://bit.ly/2BW2Hzg

Diagnóstico do Trabalho no Brasil (Tabela): https://bit.ly/3dNDLY8