A VIRTUDE DA PACIÊNCIA
NORMA PIAZERA
Calma, tenha um pouco de paciência ou coisa semelhante, quem já não ouviu esta recomendação? O presidente Lula já recomendou várias vezes. Há pessoas pacientes, que têm a capacidade de esperar o momento mais oportuno, sem se exaltar ou aborrecer. Há outros que são apressadinhos, têm "pavio curto".
Tudo tem que ser agora, e já! Tanto a conhecida fleuma britânica, quanto a impulsividade de outros têm seus valores. Não deixam de ter também seus inconvenientes. Há casos em que a pressa é prejudicial e pode ser fatal. Anos atrás peguei carona com um motorista, desses apressados. Gozou de mim quando percebeu que eu sentia medo quando trafegava a mais de 120km horários."Não tenho paciência para andar como uma lesma" - tentou se justificar: "Meu tempo tem valor." Estranhei quando mais adiante parou por mais de meia hora num bar: lá o tempo não tinha valor. A palavra "paciência" vem de pati. É parente da palavra paixão. Significa sofrer, suportar: paciência é a capacidade, a virtude de suportar adversidades. Suportar a si mesmo e aos outros. A capacidade de aguardar o momento mais propício. De suportar o próximo e não se irritar com ele em momentos mais difíceis da vida. É gratificante conviver com pessoas calmas, ponderadas. Ter de suportar pessoas impacientes, irritadas, é penoso. Exige a virtude da paciência em alto grau. Dos outros!
Vivemos num mundo marcado pela pressa, a rapidez. Podemos assistir ao vivo ao jogo que o nosso clube de futebol realiza do outro lado do mundo. Com ele nos alegrar ou sofrer. Em tantas coisas a agilidade facilita nossa vida. Mas há os momentos em que a pressa é um erro. É perigoso. Nunca mais peguei carona com motorista voador. É perigoso!
Perigosa é a impaciência de um pai no relacionamento com os filhos. Pai que perde a paciência ou mesmo a cabeça, aterroriza os filhos. Prejudica gravemente a vida emocional deles. Muito maléfica é a impaciência de uma mãe. Perfeccionista, quer a todo o custo aquela filha que ela moldou em sua cabeça. A filha não corresponde a tal modelo. Sai traumatizada.
Os valores da paciência são preciosos e tangíveis. Começa-se tendo paciência consigo mesmo. Auto-estima. Evita-se o maléfico complexo de culpa e autopunição. Paciência no convívio com os familiares e amigos.
Demonstra bondade, bem querer: "como é agradável quando os irmãos vivem unidos" - ensina a Sagrada Escritura. A experiência comprova: Jesus Cristo é o exemplo do homem paciente e bondoso. Mostrou paciência com seus futuros apóstolos. Foi suportando seus defeitos, sua pressa, sua inexperiência. Corrigindo até fazer deles homens capazes de levar o Evangelho ao mundo. Paciente com o povo. Sempre o acolheu benignamente também quando o procuravam fora de hora. Em momentos que Ele havia reservado para descansar e orar. Paciente com os pecadores. Perdoou a pecadora, hospedou-se na casa de Zaqueu, escolheu Mateus para apóstolo. Os fariseus puritanos se escandalizaram, porque Ele aceitava jantar na casa de pecadores. É de notar que ninguém continuava pecador, depois do encontro contrito com Jesus. Paciência com os inimigos. Jesus tinha todo o poder para arrasá-los. Até podia dispor de uma legião de anjos. Nunca fez.
O grau máximo de paciência Ele manifestou na dolorosa paixão e morte na cruz. Foi conduzido como um cordeiro que não abre a boca para se queixar. A sua paciência e submissão aos desígnios divinos, o conduziu a glória da ressurreição.
Norma Piazera - Joinville/SC - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.