Falando com o leitor
Que Estado é esse?
Como entender as ações de um governo que tem em sua base representantes autênticos dos trabalhadores e dos servidores públicos? Só existe uma explicação. A influência internacional e a crescente pressão sobre as contas de países como Brasil, para que esses possam garantir o pagamento das dívidas.
Para esse ano, o governo se comprometeu a gerar um superávit de R$ 75 bilhões. Essa soma de recursos é quase 10 vezes maior que o total a ser investido no desenvolvimento do País. Não há política que sobreviva a essa pressão.
Conhecemos bem a realidade desses números. O governo espera arrecadar R$ 1 bilhão com a cobrança de inativos e aposentados, mas somente no primeiro bimestre do ano pagamos R$ 22 bilhões em juros da dívida. Não há lógica e vontade política que consiga suportar um peso como esse.
É nesse cenário de mãos e pés atados que mantivemos a negociação com o governo. É nesse ambiente que lutamos para manter direitos. Direitos que os organismos internacionais, como o FMI, encaram como privilégios e que por sua natureza devem ser retirados ou minimizados ao máximo.
Não se iludam com promessas vazias. Temos diante de nós um adversário muito maior que o governo Lula. Essa proposta de Reforma Previdenciária teve início no governo Collor. Foi debatida no período de Itamar Franco. Voltou a ser discutida com mais ênfase nos dois governos de FHC e por fim tomou maior vulto, para surpresa de todos, no primeiro ano do governo do PT. Tudo isso nos faz ver que as ameaças são ainda maiores. Basta analisarmos os debates sobre a flexibilização das leis trabalhistas, Reforma Sindical e outras mais. Essas não são políticas pensadas internamente. Continuamos a viver sobre uma rígida determinação externa que nos retira a soberania e perpetua nossa dependência.
Mais uma vez ressalto, vivemos um momento fundamental. Essa não é uma luta da categoria apenas. Temos que ficar atentos e unidos. O resultado de nossas ações depende da mobilização de todos. Estamos em estado de alerta a espera do cumprimento de promessas do governo. Só assim conseguiremos reagir e enfrentar os desafios diários.
Reynaldo Puggi
Presidente do SINDIRECEITA