Livro mostra bastidores da CPI da Pirataria
Medeiros defende ação integrada de governos e elogia a atuação do Sindireceita
Assim que encerrou os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a Pirataria no Brasil, o presidente da CPI da Pirataria, deputado Luiz Antônio Medeiros, resolveu tirar uns dias de folga. A intenção era descansar em um hotel. Como era Dia dos Namorados, sua esposa resolveu comprar em uma loja no saguão do hotel uma caneta importada para presenteá-lo. Ao perguntar o preço do produto, ele conta que sua esposa ficou espantada com o valor pedido, que era muito inferior ao praticado no mercado. Quando questionou o vendedor acabou descobrindo que se tratava de um produto pirata. "Quando ela falou que era minha esposa foi criado um tumulto no hotel, o gerente tentou se explicar, foi uma situação muito complicada", relembra.
Esta é apenas uma das histórias dos bastidores da CPI da Pirataria que o deputado Medeiros conta em seu livro. Em detalhes ele relembra também como foi montado o flagrante para prender o maior contrabandista e falsificador em ação no Brasil, o chinês Law Kin Chong. No livro, o leitor poderá ter detalhes dessa operação que foi mostrada no principal telejornal do País. Com o apoio da Polícia Federal, o deputado gravou toda a negociação que levou Law Kin Chong para a prisão.
Por sua atuação à frente da CPI, Medeiros foi ameaçado de morte e só anda com um Policial Federal, que faz sua escolta. No livro também será possível conhecer detalhes das investigações realizadas pela CPI da Pirataria, que conseguiram mostrar ao País a dimensão dessa prática criminosa e o envolvimento de agentes públicos com contrabandistas, falsificadores, policiais corruptos e traficantes. "Passado todo esse tempo, fica mais claro ainda que a grande contribuição dessa CPI foi mostrar ao povo brasileiro que a pirataria é um crime grave, que tem ramificações com outras atividades ilícitas de maior potencial como tráfico de drogas e armas. Com esse livro quero ampliar ainda mais essa percepção de que a pirataria não é um crime menor, é sim uma atividade de quadrilhas organizadas que afetam toda a sociedade", diz.
Medeiros conta que optou por escrever um livro, das histórias que envolveram a investigação, para poder envolver mais o leitor nesse debate. "A idéia é mostrar justamente os detalhes e os bastidores de todo esse trabalho, por meio das histórias e dos fatos interessantes que nortearam toda a atividade da CPI", justifica.
Para o deputado, o Brasil tem hoje uma outra percepção sobre a pirataria, mas ainda há muito a ser feito. Ele lembra que mesmo no governo, há pouco mais de dois anos, não existia um trabalho estruturado de combate a essas práticas. "Hoje temos um Conselho no Ministério da Justiça. Já existem unidades preparadas para essa finalidade nas Polícias Federal e Civil. A Receita Federal também tem um papel essencial na melhoria da imagem do País. Foram criadas unidades especiais, e operações como a Cataratas, em Foz do Iguaçu, que contribuem para mostrar ao mundo que o Brasil está agindo", diz. Apesar dos avanços, Medeiros diz que é preciso ampliar a atuação nas fronteiras e principalmente combater a corrupção interna no governo.
O parlamentar também defende uma atuação mais efetiva junto ao consumidor. "Precisamos mostrar ao cidadão os riscos e os prejuízos que um produto pirata pode trazer. É fundamental realizar esse trabalho de conscientização, e é isso que pretendo fazer com o livro", diz. O deputado também elogiou a atuação do Sindireceita e dos Técnicos da Receita Federal. Segundo ele, as ações desenvolvidas pela entidade, como os seminários e a campanha "Original, escolha a garantia" devem ser incentivadas. Ele lembra que para combater a pirataria é preciso muito mais que as ações de repressão. "É preciso uma ação integrada de todas as esferas de governo, iniciativa privada e da sociedade", diz. O deputado critica a postura de muitos prefeitos, que com o argumento de geração de empregos incentiva a construção dos chamados "shoppings populares". Esse locais, ressalta o presidente da CPI , são verdadeiros incentivos para a venda de produtos piratas e contrabandeados. "Veja o caso de São Paulo. O chinês Law Kin Chong era dono de um desses locais. Conseguimos tirá-lo de circulação, e agora recentemente a Receita Federal e as polícias acabam de fechar mais um desses pontos de venda. Temos que agir de forma integrada, pois não adianta a Receita Federal e a Polícia Federal combater se nas cidades as prefeituras oferecem a estrutura necessária para funcionamento. E é bom que fique claro que em troca de milhares de empregos precários, gerados nesses shoppings, milhões de empregos formais se perdem em todo o País. A pirataria é isso", finaliza. O livro "CPI da Pirataria" do deputado Medeiros já está sendo vendido em todo o País.