Correio Braziliense/DF – 08/06/2011
Os juros cobrados nos empréstimos ao consumidor subiram pelo terceiro mês consecutivo, refletindo as medidas tomadas pelo Banco Central para dificultar o acesso ao crédito e reduzir o aquecimento da economia.
O levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) mostrou que a taxa média às pessoas físicas avançou, em maio, 0,06 ponto percentual e atingiu 6,87% ao mês, o maior nível desde junho de 2010. Apesar de tornar as operações mais caras, os esforços da autoridade monetária não foram suficientes para frear o ímpeto dos brasileiros de ir às compras. Pesquisa da Serasa Experian apontou que a procura por financiamentos no mês passado cresceu 11,2%.
Para o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, a situação favorável do mercado de trabalho é um dos principais fatores que sustentam o crédito, mesmo com custo mais alto. "As pessoas ainda estão com emprego garantido e se sentem seguras em continuar trocando de carro, de geladeira ou pagando suas dívidas, por meio de novos empréstimos", afirmou.
Ritmo lento
No acumulado do ano, o interesse pelos financiamentos desacelerou de 12,4% para 12,3%, segundo a Serasa. Na avaliação do gerente de Indicadores de Mercado da instituição, Luiz Rabi, a queda no ritmo ainda é lenta para atender aos planos do BC de expandir o crédito em um nível entre 10% e 15%.
"O arrefecimento não tem a intensidade desejada pela autoridade monetária, o que justificaria novas elevações na taxa básica de juros (Selic)", destacou.
Segundo a pesquisa da Anefac, das seis linhas pesquisadas, apenas os juros do financiamento rotativo do cartão se mantiveram estáveis em 10,69% ao mês. As demais subiram. A maior alta foi a do cheque especial, que saltou de 7,97% para 8,12%, resultando em encargos superiores a 155% ao ano. Para as empresas, a taxa média avançou de 3,96% para 4,03%, o maior nível desde julho de 2009. A linha que mais encareceu foi a conta garantida, com acréscimo de 0,14 ponto percentual, para 5,74% ao mês.