Uol - 09 de Novembro de 2012
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira (9) em Brasília que o Brasil avançou no combate à lavagem de dinheiro, mas ainda precisa melhorar. "O balanço é positivo, mas falta muito para caminhar", disse para uma plateia internacional formada por integrantes de organismos nacionais internacionais e autoridades estrangeiras em um painel na 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, que acontece nesta semana na capital.
Ele chegou cerca de meia hora atrasado, pois, segundo ele, estava em uma reunião para discutir as ações contra a violência em São Paulo. Na terça-feira (6), a União e o Estado de São Paulo anunciaram a criação de uma agência de ação integrada. A medida vem na esteira de uma onda de violência na cidade que deixou ao menos 90 policiais militares mortos só neste ano.
Segundo Cardozo, o país recuperou apenas R$ 20 milhões do dinheiro lavado nos últimos dois anos --no mundo, teriam sido R$ 5 bilhões. "É pouco, temos ainda muita deficiência em termos de cooperação internacional. De certa forma, o crime é muito mais rápido do que nós", afirmou. Em sua breve apresentação, o ministro falou sobre os esforços do Brasil no combate à lavagem de dinheiro e disse que considera "exitosa" a atuação do país em relação a esse tipo de crime. "A lavagem de dinheiro é algo que cada vez mais se sofistica e exige sofisticação por parte do governo", concluiu.
Medidas têm sido tomadas pelo governo brasileiro em três eixos, segundo o ministro. O primeiro diz respeito à cooperação interna entre diversos órgãos de esferas diferentes da federação. O ministro destacou que um dos marcos nessa área aconteceu no ano de 2003, quando foi criada uma agência que reúne órgãos como a Polícia Federal, Receita Federal e Ministério da Justiça, entre outros, para trabalharem em conjunto.
Sobre o segundo eixo, relacionado à cooperação internacional, Cardozo afirmou que o trabalho de cooperação da Polícia Federal em outros países tem sido cada vez mais ampliado. De acordo com o ministro, o Brasil possui atualmente 10 mil casos de cooperação internacional.
O terceiro eixo se refere à legislação adequada para combater lavagem. Cardoso citou a recente mudança na lei brasileira, neste ano, que ampliou a tipificação da lavagem de dinheiro. "Avançamos muito com novas leis na lavagem de dinheiro".
Cardozo disse ser favorável à internacionalização desse tipo de crime para criar mecanismos que facilitem a recuperação do dinheiro lavado por meio da perda dos bens adquiridos em decorrência de prática criminosa. O ministro ressaltou que muitas vezes o dinheiro lavado é usado para comprar, por exemplo, bens em outros países, e que isso exigiria uma ação conjunta com outros países.