CPI da Petrobras convoca José Dirceu para depor na próxima semana

Agência Câmara - 28 de agosto de 2015


CPI da Petrobras aprovou nessa quinta-feira, dia 27, a convocação de sete pessoas, entre os quais o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu; o presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odedrecht; e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada.


Os requerimentos foram votados para que eles possam ser ouvidos pela comissão na semana que vem, em Curitiba (PR). A CPI deve ouvir, no total, 13 pessoas – algumas das quais já tinham requerimentos de convocação aprovados.


Além disso, a comissão pretende fazer duas acareações, ainda não confirmadas porque dependem de articulação com o juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro. Uma delas seria entre o doleiro Alberto Youssef e a também doleira Nelma Kokama e Iara Galdino, funcionária de Kodama.


A outra acareação, ainda não confirmada, seria entre Augusto Ribeiro de Mendonça, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.


Os sete convocados de hoje são:


JOSÉ DIRCEU
O ex-ministro da Casa Civil foi acusado pelo empresário Milton Pascowitch de receber propina de empresas contratadas pela Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro era proveniente de contratos firmados pelas empresas Hope e Apolo com a Petrobras.


A propina seria intermediada inicialmente por Júlio Camargo, que representava várias empresas junto à Petrobras, e depois por Pascowitch, que acusou Dirceu de receber 1,5% do valor dos contratos da Hope com a Petrobras.


Pascowitch disse ainda que outra empresa, a Personal, que fornece mão-de-obra terceirizada para limpeza da Petrobras, pagava mensalmente entre R$ 500 mil e R$ 800 mil ao grupo de Dirceu. O delator também afirmou que uma obra da Petrobras teve sobrevalor só para que houvesse recursos suficientes para repassar a Dirceu.



JORGE ZELADA
Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato, na Petrobras. Ele comandou a diretoria Internacional entre 2008 e 2012 e entrou na lista dos investigados pela Operação Lava Jato após ser citado em depoimentos de delações premiadas firmadas por outros suspeitos.


Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, disse que Zelada era um dos beneficiários do esquema de corrupção.


O ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Zelada foi beneficiado à época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Todavia, Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área Internacional.


CELSO ARARIPE DE OLIVEIRA
Ex-gerente de empreendimentos da Petrobras, foi acusado pelo Ministério Público de receber propina da empreiteira Odebrecht em troca da construção da sede da estatal em Vitória (ES). De acordo com a denúncia, o consórcio responsável pela obra, liderado pelo grupo Odebrecht, simulou contratação de empresa de consultoria para enviar ao engenheiro e a familiares dele R$ 1,4 milhão em propina. Parte do montante teria sida depositado em contas de parentes do engenheiro.


FERNANDO GUIMARÃES HOURNEAUX DE MOURA
Apontado pela Polícia Federal como representante do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, na Petrobras. Segundo o Ministério Público, foi ele quem indicou Renato Duque para a diretoria de Serviços da estatal.
Foi acusado por Milton Pascowitch de ter usado três filhos, um irmão e um sobrinho para receber R$ 5,3 milhões em propina de contrato de obras da Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas, em Linhares (ES).


CÉSAR RAMOS ROCHA e MÁRCIO FARIA
Ambos são executivos da Odebrecht. A Polícia Federal prendeu oito executivos da construtora, inclusive o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. A empreiteira é suspeita de pagar propinas de mais de R$ 500 milhões a diretores da Petrobras e agentes políticos em troca de contratos com a estatal.


ELTON NEGRÃO DE AZEVEDO
Executivo da empreiteira Andrade Gutierrez, preso na 14ª fase da Operação Lava Jato.


Os outros depoentes, que já haviam sido convocados anteriormente, são:




  • Alexandrino de Salles Ramos de Alencar – diretor da Norberto Odebrecht

  • João Antônio Bernardi Filho – diretor da empresa Saipem

  • Marcelo Odebrecht – presidente da Odebrecht

  • Otávio Marques de Azevedo – Executivo da Andrade Gutierrez

  • Ricardo Hoffmann – diretor da Borghi Lowe Propaganda e Marketing

  • Rogério Santos de Araújo – executivo da Construtora Odebrecht e do estaleiro Jurong


Depoimentos de hoje
Além de votar novos requerimentos de convocação, a CPI ouviu o depoimento de quatro pessoas. Três delas, João Gualberto Pereira, Gilson Pereira e Sérgio Maçaneiro, obtiveram um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e se recusaram a responder as perguntas.


Eles são executivos da Arxo Industrial, acusados de pagar propina em troca de contratos de construção de tanques de combustível junto à BR Distribuidora. “É frustrante que isso aconteça. Eles perdem uma chance de se defender e de colaborar com as investigações”, disse o deputado Altineu Cortes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI.


Além deles, foi ouvida a presidente da empresa SAP Brasil, Cristina Palmaka. A empresa não é acusada de formação de cartel na Petrobras. A executiva foi convocada para explicar suspeitas de irregularidade na compra de softwares de gestão pela estatal. Ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ela negou a prática de pagamento de propina pela empresa.