Acareação entre delatores da Lava Jato dura quase 10 horas

Portal G1 - 06 de novembro de 2015


A acareação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista e operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, durou cerca de 10 horas. Os dois estiveram frente a frente nesta quinta-feira (6), na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para esclarecer divergências nos depoimentos que prestaram nos respectivos acordos de delação premiada.


Os advogados de Baiano e Costa disseram que os dois delatores têm divergências nos depoimentos. No entanto, eles não confirmaram quais foram os pontos de discordância entre eles.


O advogado Sérgio Riera, que defende Baiano, garantiu que o cliente fala a verdade. "Nas duas acareações que foram feitas hoje, Fernando Soares confirmou todo o teor dos depoimentos prestados anteriormente. Infelizmente, eu não posso adiantar o conteúdo, diante do sigilo dos termos [da delação]. O que eu posso confirmar é que ele confirmou o depoimento anterior", disse. Riera diz que está confiante de que, apesar das diferenças, não haverá prejuízos para Baiano no acordo de delação


A mesma posição foi mantida pelo advogado de Costa, João Mestieri. "Eu estou absolutamente convicto de que ele está dizendo a verdade. Ele foi o pioneiro nessa questão [ da delação], em todos os seus quase 160 depoimentos foram confirmados e todos foram verdadeiros", afirmou.


Paulo Roberto e Fernando Baiano são investigados na Lava Jato e, além de serem réus em processos originados na operação, também já foram condenados em ações penais por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-diretor da Petrobras cumpre prisão em regime semiaberto diferenciado, no Rio de Janeiro. Já o lobista está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.


Por serem delatores, os dois estão sujeitos a perder os benefícios da colaboração premiada, caso tenham mentido ou omitido fatos criminosos que tenham participado ou presenciado.


Duas etapas
O trabalho de acareação começou por volta das 14h e foi conduzido em duas etapas. A primeira tratou das suspeitas de que o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci teria recebido R$ 2 milhões do esquema de corrupção da Petrobras, para a campanha da presidente Dilma Roussef (PT), em 2010.


Na segunda etapa, a Polícia Federal tentou esclarecer dúvidas a respeito da participação da construtora Andrade Gutierrez, no esquema desvendado pela Lava Jato. Segundo as investigações, a Andrade Gutierrez agia de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Ela formava um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários. Parte do lucro excedente era usado para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os procuradores.


A Odebrecht agia da mesma forma, ainda segundo as investigações. As duas empreiteiras foram alvo da 14ª fase da Operação Lava Jato.


Fernando Baiano
Fernando Baiano é apontado por procuradores como operador do PMDB no esquema. O partido nega as acusações. Neste papel, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele atuava na negociação de propinas e na distribuição de dinheiro que saía da estatal para os envolvidos nos crimes.


Preso em novembro do ano passado, quando a 7ª fase da operação foi deflagrada, Fernando Baiano deve ser solto dia 18 deste mês, graças ao acordo de delação premiada que ele fechou com o MPF.


Ele já foi condenado a 16 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em processo de contratação de navios-sonda para a estatal. Na ocasião, ele operou U$S 15 milhões de propina e, segundo o delator Júlio Camargo, deste total US$ 5 milhões foram pagos ao presidente da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Conforme Camargo, Fernando Baiano era sócio oculto de Cunha.


Baiano ainda responde a mais um processo que envolve pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez.


Os dois delatores mantiveram as divergências nos depoimentos, segundo os advogados (Foto: Reprodução/RPC)
A acareação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista e operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, durou cerca de 10 horas. Os dois estiveram frente a frente nesta quinta-feira (6), na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, para esclarecer divergências nos depoimentos que prestaram nos respectivos acordos de delação premiada.


Os advogados de Baiano e Costa disseram que os dois delatores têm divergências nos depoimentos. No entanto, eles não confirmaram quais foram os pontos de discordância entre eles.


O advogado Sérgio Riera, que defende Baiano, garantiu que o cliente fala a verdade. "Nas duas acareações que foram feitas hoje, Fernando Soares confirmou todo o teor dos depoimentos prestados anteriormente. Infelizmente, eu não posso adiantar o conteúdo, diante do sigilo dos termos [da delação]. O que eu posso confirmar é que ele confirmou o depoimento anterior", disse. Riera diz que está confiante de que, apesar das diferenças, não haverá prejuízos para Baiano no acordo de delação


A mesma posição foi mantida pelo advogado de Costa, João Mestieri. "Eu estou absolutamente convicto de que ele está dizendo a verdade. Ele foi o pioneiro nessa questão [ da delação], em todos os seus quase 160 depoimentos foram confirmados e todos foram verdadeiros", afirmou.


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PF investiga se Palocci pediu dinheiro de propina para campanha de Dilma
Paulo Roberto e Fernando Baiano são investigados na Lava Jato e, além de serem réus em processos originados na operação, também já foram condenados em ações penais por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-diretor da Petrobras cumpre prisão em regime semiaberto diferenciado, no Rio de Janeiro. Já o lobista está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.


Por serem delatores, os dois estão sujeitos a perder os benefícios da colaboração premiada, caso tenham mentido ou omitido fatos criminosos que tenham participado ou presenciado.


Duas etapas
O trabalho de acareação começou por volta das 14h e foi conduzido em duas etapas. A primeira tratou das suspeitas de que o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci teria recebido R$ 2 milhões do esquema de corrupção da Petrobras, para a campanha da presidente Dilma Roussef (PT), em 2010.


Na segunda etapa, a Polícia Federal tentou esclarecer dúvidas a respeito da participação da construtora Andrade Gutierrez, no esquema desvendado pela Lava Jato. Segundo as investigações, a Andrade Gutierrez agia de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Ela formava um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários. Parte do lucro excedente era usado para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os procuradores.


A Odebrecht agia da mesma forma, ainda segundo as investigações. As duas empreiteiras foram alvo da 14ª fase da Operação Lava Jato.


Fernando Baiano
Fernando Baiano é apontado por procuradores como operador do PMDB no esquema. O partido nega as acusações. Neste papel, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele atuava na negociação de propinas e na distribuição de dinheiro que saía da estatal para os envolvidos nos crimes.


Preso em novembro do ano passado, quando a 7ª fase da operação foi deflagrada, Fernando Baiano deve ser solto dia 18 deste mês, graças ao acordo de delação premiada que ele fechou com o MPF.


Ele já foi condenado a 16 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em processo de contratação de navios-sonda para a estatal. Na ocasião, ele operou U$S 15 milhões de propina e, segundo o delator Júlio Camargo, deste total US$ 5 milhões foram pagos ao presidente da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Conforme Camargo, Fernando Baiano era sócio oculto de Cunha.


Baiano ainda responde a mais um processo que envolve pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez.


Paulo Roberto Costa
Embora tenha sido condenado em vários processos da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras foi beneficiado com o acordo de colaboração premiada que celebrou com o MPF. Em troca das penas menores, ele foi um dos que denunciou o esquema de desvio de recursos da Petrobras.

No regime semiaberto diferenciado, Costa deve voltar para casa todos os dias, no máximo, até as 20h e não sair nos fins de semana. A partir de 1º de outubro de 2016, ele passará ao regime aberto e poderá, inclusive, viajar, desde que tenha autorização judicial.

Foi um carro no nome de Costa que levou a Polícia Federal a mudar o foco das investigações da Lava Jato. Inicialmente, a operação seguia os passos de uma quadrilha de doleiros chefiada por Alberto Youssef. No entanto, pouco antes da prisão do grupo, os policiais encontraram um carro que pertencia a Costa, mas que estava registrado no endereço de Youssef.

Ao ser preso, os policiais acreditavam que Costa era apenas mais um membro da quadrilha ou que tinha usado os serviços deles para lavar dinheiro da empresa que criou após sair da Petrobras, a Costa Global. A empresa de consultoria foi o primeiro elo entre a participação de Youssef no esquema de desvios da Petrobras.

O ex-diretor foi preso junto com a quadrilha, em março de 2014, na deflagração da Lava Jato. Dias depois, conseguiu um habeas corpus da Justiça, mas voltou a ser preso. Após dois meses na prisão, decidiu colaborar com as investigações e detalhou como funcionava o esquema.

Foi a partir dos depoimentos dele que os policiais desvendaram como funcionava a distribuição de recursos desviados da Petrobras. Empreiteiras que mantinham contratos com a estatal superfaturavam os valores dos serviços que prestavam, por meio de contratos aditivos às obras. Parte dos valores do superfaturamento era usado para pagar propina a diretores da Petrobras e também para abastecer o caixa de partidos políticos, no caso o PT, PMDB e PP.

Paulo Roberto Costa virou diretor da Petrobras em 2004, por indicação do ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010.  Costa permaneceu no cargo até 2012, quando pediu demissão e abriu a empresa de consultoria.