Líderes contestam assinaturas em nota de apoio a Eduardo Cunha

Portal G1 - 12 de novembro de 2015

Líderes partidários contestaram nesta quarta-feira (11) assinaturas atribuídas a eles pelo deputado André Moura (PSC-SE) e sua assessoria na nota de apoio à permanência no cargo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).


André Moura leu o documento da tribuna da Câmara e afirmou que o texto recebeu aval de líderes de 13 partidos.


O manifesto, distribuído à imprensa, diz que todas as assinaturas são de líderes. No entanto, o líder do PTN, João Carlos Bacelar (BA), negou ter assinado a nota.


“Eu não assinei esse texto”, disse. Quem assinou foi a deputada Renata Abreu (PTN-SP), que não comanda a bancada da legenda.


A assessoria de André Moura também atribuiu uma das assinaturas ao líder do PMN, Hiran Gonçalves (RR), mas ele disse que sequer foi procurado para tratar do assunto.


“Eu não vi esse documento, não assinei. Nenhum deputado do PMN assinou essa nota”, afirmou Gonçalves. Procurados pelo G1, os outros dois deputados do PMN negaram que fosse de um deles a assinatura no manifesto de apoio ao presidente da Câmara.


O G1 confirmou que essa assinatura é do líder do PEN, deputado Junior Marreca (MA). O outro membro da bancada do PEN, André Fufuca (MA) também assina o documento, mas ele não é o líder – a bancada do PEN tem somente dois deputados.


Com isso, dos 13 líderes anunciados por André Moura como apoiadores da nota pró-Cunha, o G1 confirmou as assinaturas de dez: PMDB, PP, PR, PSD, PTB, PSC, PRP, PHS, SD e PEN. Até a última atualização desta reportagem, não tinha sido localizado o líder do PTdoB, deputado Luiz Tibé (MG), que, segundo a assessoria de André Moura, também assinou a nota em defesa de Cunha.


Questionada sobre as informações incorretas, a assessoria de André Moura pediu que o G1 procurasse o deputado diretamente, mas ele não atendeu às ligações.


Investigado na Operação Lava Jato, Cunha também é alvo de um processo no Conselho de Ética por suposta quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de ter mentido em depoimento à CPI da Petrobras sobre a existência de contas secretas na Suíça. Em entrevista ao G1 e à TV Globo, Cunha negou ser dono de contas no exterior, mas disse ter o usufruto de ativos mantidos naquele país.


A nota de apoio a Cunha foi lida na tribuna do plenário pouco depois de o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), ler uma nota pedindo o afastamento do presidente da Câmara.


Os signatários da nota afirmam que as denúncias apresentadas contra Cunha “seguirão o curso do devido processo legal”. Eles criticam o que classificam de politização da situação e destacam que “eventuais disputas políticas não podem prevalecer para paralisar o funcionamento da Casa”.


Nota
Veja a íntegra da nota lida no plenário pelo deputado André Moura:


Os líderes dos partidos abaixo assinados vêm a público manifestar sua posição com relação às denúncias apresentadas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha:


1 - Ratificamos o total apoio e confiança em sua condução na presidência da Câmara dos Deputados


2 - As denúncias apresentadas seguirão o curso do devido processo legal, onde haverá condição de defesa e julgamento por instâncias próprias e o princípio da presunção da inocência, consagrado em nossa Constituição, deve prevalecer para qualquer cidadão, inclusive o presidente da Câmara dos Deputados


3 - Eventuais disputas políticas não podem prevalecer para paralisar o funcionamento da Casa no momento em que o país exige e espera que a Câmara dos Deputados delibere as matérias que o Brasil precisa para retomar o crescimento.