UTC doou R$ 5 mi a partidos para que Pessoa não falasse à CPI, diz delator

G1 - 21 de dezembro de 2015

O ex-diretor financeiro da UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana, um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, relatou em depoimento à Procuradoria Geral da República um suposto acordo firmado em 2014 entre o dono da empresa, Ricardo Pessoa, e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).


Pelo acordo, Pessoa não seria chamado a depor na CPI mista da Petrobras, que à época tinha Argello como vice-presidente, e, em contrapartida, o empresário repassaria recursos a pessoas indicadas pelo então senador.


Segundo a delação de Walmir Pinheiro, a UTC repassou R$ 5 milhões a quatro partidos a pedido de Gim Argello. O acordo, segundo o delator, seria "um tipo de blindagem" a Ricardo Pessoa.


"No início do mês de julho de 2014, Ricardo Pessoa se aproximou do declarante [Walmir Pinheiro] e afirmou ter chegado a um acordo com Gim Argello no sentido de que ele, Ricardo Pessoa, fosse blindado em relação a CPI; que, em contrapartida, teriam que fazer doações no valor de R$ 5 milhões a pessoas que Gim Argello indicaria", diz o termo de delação premiada.


Walmir Pinheiro afirma em seu depoimento que a UTC repassou R$ 1,7 milhão ao DEM; R$ 1 milhão ao PR; R$ 1,15 milhão ao PMN e R$ 1,15 milhão ao PRTB em forma de doação eleitoral.


De acordo com Walmir Pinheiro, os pagamentos foram feitos em parcelas, seguindo orientação de um intermediário de Gim Argello.


Ao G1, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), negou que o partido tenha recebido qualquer valor. "Eu, como presidente do partido, nego veemente esta acusação. Não há o menor fundamento", disse Agripino, que era suplente do colegiado em 2014.


O G1 entrou em contato com o PR, o PMN, o PRTB e com o ex-senador Gim Argello e não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.