Com chance de racha, deputados federais do PMDB de Minas Gerais se reúnem na próxima segunda-feira (18) em Belo Horizonte para decidir se lançam candidato próprio ou se apoiam a recondução do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) para a liderança do partido na Casa.
A eleição para a liderança do PMDB na Câmara deverá ser polarizada entre um grupo pró-Dilma Rousseff, capitaneado por Picciani, e a ala que defende o afastamento da sigla do governo petista. A escolha será por votação secreta e deve ocorrer na primeira ou terceira semana de fevereiro. Para manter Picciani no posto, o Planalto chegou a oferecer a Secretaria de Aviação Civil para o peemedebista mineiro Mauro Lopes, na tentativa de angariar os votos dos deputados do estado para Picciani.
De acordo com deputados ouvidos pelo G1, há uma divisão entre os peemedebistas mineiros quanto ao lançamento da candidatura, já que parte apoia o nome do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) e outro grupo quer lançar o deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG). Uma terceira ala, com menor peso, cogita fechar acordo em torno do nome de Picciani.
“Vamos definir [um nome] na próxima segunda-feira. O que precisamos é manter a bancada unida acima de tudo”, disse ao G1 o 1º vice-presidente do partido em Minas Gerais, deputado Newton Cardoso Junior.
Enquanto o governo Dilma propôs dar o comando do ministério da Aviação Civil a um deputado mineiro em troca de apoio do grupo a Picciani, os peemedebistas que se opõem a Dilma ofereceram à bancada mineira a chance de lançar candidato pelo grupo.
“Eu pergunto: Minas Gerais se daria por satisfeita com um ministério, a Secretaria de Aviação Civil, do ponto de vista de representatividade no Congresso? Eu tenho minhas dúvidas. E não sei se isso contribuiria para a unidade da bancada”, disse Newton Cardoso Junior, indicando que defenderá que a bancada lance candidato próprio à liderança do PMDB.
Nesta terça (12), o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) se apresentou, em entrevista coletiva, como candidato a líder pela bancada de MG. No entanto, segundo deputados ouvidos pelo G1, há divergências na bancada sobre a indicação dele. Essa disputa interna é vista como favorável a Picciani, já que pode enfraquecer a candidatura que representará a ala contrária ao Planalto.
“Quintão insiste em dizer que é candidato independentemente da decisão da bancada. Isso prejudica ele pessoalmente. Ele não quer saber da bancada mineira. O nome precisa ser referendado. É preciso haver unidade”, disse ao G1, de forma reservada, um membro da Executiva do PMDB em MG.
Enquanto integrantes da bancada do PMDB de Minas Gerais discutem o nome que pode ser lançado com candidato, Picciani e a presidente Dilma negociam um acordo para que abram mão de candidatura própria. Nesta terça (12), o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), confirmou, após reunião com o vice-presidente da República, Michel Temer, que foi sondado para comandar a Secretaria de Aviação Civil e declarou que aceitará o cargo se o convite se confirmar.
Ele disse que a sondagem foi feita pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e que não falou com a presidente Dilma Rousseff sobre o assunto.
Para o 1º vice-presidente do PMDB de Minas Gerais, o governo não pode vincular a oferta do cargo a uma posição de apoio a Picciani.
“Meu entendimento é que são coisas separadas. Não pode haver barganha. Eu pergunto: a oferta de ministério foi para a bancada mineira ou foi para o líder [Leonardo Picciani]? Se a oferta foi para a bancada de Minas, não tem porque não ter candidato de Minas Gerais. Essa oferta deveria continuar de pé, se a presidente quer atender à bancada mineira”, disse Newton Cardoso Junior.
Já Leonardo Picciani negou que haja vinculação entre a oferta de cargo e a escolha da liderança. Ele também disse que aguarda a definição da bancada mineira. "Só teremos alguma novidade na disputa à liderança a partir de segunda, quando a bancada mineira deverá definir um nome”, afirmou.