Brasil não voltará a crescer sem recuperação de vizinhos, diz Dilma

G1 - 27 de janeiro de 2016

A presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não voltará a crescer se os demais países da América Latina também não se recuperarem. A declaração foi dada nesta terça-feira (26) em Quito, no Equador, onde a presidente participa da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe (Celac).


"Nós temos muita consciência de que o Brasil não retoma a sua capacidade de crescer (...) Sem o crescimento dos demais países da América Latina. Sem que os demais países da América Latina tenham também condições de se recuperar", disse a presidente.


Ela afirmou ainda que os países latino americanos enfrentam "uma situação bastante adversa no cenário internacional", com queda no preço do petróleo e das demais commodities e desaceleração do crescimento da economia chinesa.

"Isso provocou uma forte valorização do dólar, que afeta as nossas economias. Nós tivemos uma desvalorização muito significativa", disse a presidente. "Na metade do meu primeiro governo, o dólar estava um para 1,5 real. Hoje está um dólar para 4 reais."


Segundo a presidente, é "fundamental" construir uma cooperação entre os países, "principalmente nesse momento de crise". "Ela já é fundamental nos momentos em que todos nós crescíamos, agora ela é fundamental justamente porque nós sairemos dessa situação em conjunto".


Laços bilaterais e linhas de crédito
Ao chegar em Quito, Dilma foi recebida pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, no Palácio Carondelet, sede do governo. Após o encontro, estava programada a chamada reunião ampliada, da qual participariam ministros dos dois governos, e na sequência os presidentes dos dois países teriam um jantar.

Segundo a agência France Presse, na a conversa os presidentes concordaram em impulsionar os laços bilaterais e alavancar linhas de crédito brasileiro para o país equatoriano. Correa garantiu que ambos combinaram resolver os obstáculos ao acesso de produtos equatorianos, como a banana, o camarão, ou o atum para o Brasil, um dos três países com os quais o Equador tem maior déficit comercial.

As equipes de trabalho de ambos os governos se reunirão na primeira semana de março para buscar soluções para esses problemas, explicou Correa. A presidente Dilma afirmou que, na reunião, também se acertou a fortalecer "os investimentos de empresas brasileiras no Equador, em especial em infraestrutura".

Segundo o presidente equatoriano, nesse encontro de março, poderão ser concedidas novas linhas de crédito do Brasil ao país. Porém, Correa não deu mais detalhes. "Se tivéssemos financiamento, poderíamos importar certas coisas. O que eu mais gostaria é que se importassem bens de capital (...) como ônibus e caminhões do Brasil", garantiu.

Correa e Dilma Rousseff também conversaram sobre "um sonho compartilhado, no qual nos atrasamos", em referência ao eixo multimodal Manta (Equador)-Manaus (Brasil). Por esta via alternativa terrestre e fluvial, "o Brasil teria acesso para a costa do Pacífico, sem ter de passar pelo canal do Panamá", completou o presidente equatoriano.

Celac
Nesta quarta, Dilma participará, ao lado de outros chefes de Estado e de governo, da cúpula da Celac. Na reunião, a presidência do grupo será transferida do Equador para a República Dominicana. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o objetivo do encontro em Quito é estabelecer as diretrizes para a continuidade das atividades de articulação política, cooperação setorial e relacionamento externo da comunidade.

Esta é a primeira viagem internacional de Dilma neste ano. Enquanto estiver no exterior, o vice-presidente Michel Temer exercerá a Presidência da República de forma interina. Ela volta a Brasília na noite desta quarta-feira (27).