Novo embate no PMDB

Correio Braziliense - 12 de fevereiro de 2016

A polêmica disputa pela liderança do PMDB na Câmara ganhou mais um capítulo. Agora, o motivo de troca de acusações entre aliados do atual líder, Leonardo Picciani (RJ), que tenta a recondução ao posto, e de Hugo Motta (PB), seu rival, é o Código de Mineração, empacado na Casa há três anos.


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apoiador de Motta, e o antigo relator do texto, Leonardo Quintão (MG), aliado de Picciani, são os protagonistas da troca de farpas. Cunha rebateu Quintão, que, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que o relatório dele, que dá nova redação ao texto de 1967, está pronto para votação desde o início de 2014, mas não foi apreciado por culpa do presidente da Câmara. "Ele que nunca colocou para votar", afirmou Quintão.


A reação de Cunha foi imediata. "Em primeiro lugar, o presidente da Câmara em 2014 era Henrique (Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN) Em segundo lugar, Quintão era relator na comissão especial e não conseguiu votar na comissão por falta de apoio", afirmou Eduardo Cunha.


O atual presidente da Câmara disse ter conversado com Quintão no ano passado e que comunicou a ele que o destituiria da relatoria da comissão especial criada para tocar o novo texto. "Chamei em agosto para uma café na minha casa. Comuniquei que recriaria a comissão e ele não seria mais relator", afirmou Cunha.


Quintão diz que foi destituído da relatoria do colegiado em retaliação ao apoio a Picciani na disputa pela liderança. Em seu lugar, acabou nomeado o deputado Laudívio Carvalho (MG). "Ele não consegue votar faz três anos. Essa é a verdade. Não tem nada a ver com liderança" retrucou Cunha, que disse ter colocado o texto na pauta do plenário na semana passada a partir do pedido feito da presidente Dilma Rousseff em mensagem ao Congresso.


Contando com a derrota de Motta, aliados de Picciani, encabeçados por Quintão, querem procurá-lo na próxima semana para propor que ele desista da disputa para evitar que Cunha seja derrotado no momento em que tenta garantir a permanência na presidência da Câmara e salvar o mandato diante das investigações da Operação Lava-Jato. "Quem está precisando de saída honrosa é Quintão, por isso, a polêmica", reagiu Cunha.