A presidente Dilma Rousseff se reuniu na manhã desta quinta-feira (28) com o argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980. Ao chegar ao Palácio do Planalto, Esquivel não quis conceder entrevista à imprensa, mas adiantou que o encontro serviria para ele manifestar apoio a Dilma contra o processo de impeachment.
O pedido de afastamento da presidente está sob análise na comissão especial no Senado. O relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), tem de apresentar um parecer sugerindo a continuidade ou não do processo de impeachment de Dilma. Caberá, então, ao colegiado decidir se aprova ou rejeita o relatório e, ao plenário do Senado, optar se acompanha ou não a decisão da comissão especial.
Se o plenário do Senado decidir acompanhar um eventual posicionamento da comissão especial pelo impeachment, a presidente Dilma deverá ser afastada por até 180 dias e, neste período, o vice Michel Temer assumirá a Presidência da República.
Após o encontro, que durou cerca de 40 minutos no Planalto, Esquivel afirmou que a reunião serviu para ele levar “solidariedade e apoio” à presidente Dilma em razão do atual cenário político do país. Para ele, é “muito claro” que está em curso no Brasil um “golpe de Estado, encoberto sobre o que podemos chamar de golpe branco”.
Esquivel comparou ainda o impeachment que Dilma enfrenta no Congresso aos processos de destituição dos ex-presidentes do Paraguai Fernando Lugo, em 2012, e de Honduras Manuel Zelaya, em 2005.
“Dissemos à presidenta que viemos dar solidariedade e apoio a ela e para que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria, não só para o povo brasileiro, mas para toda a América Latina, um retrocesso muito grave”, afirmou o vencedor do Nobel da Paz de 1980.
Eventos de apoio à presidente
Nas últimas semanas, Dilma organizou diversos atos com grupos contrários ao processo de imepachment. A presidente recebeu no Palácio do Planalto, por exemplo, juristas, movimentos sociais, artistas, intelectuais, mulheres e estudantes que não veem base legal para o impeachment.
Em todos esses atos, a presidente enfatizou a tese de “golpe” e se disse vítima de “farsa” e “traição” cometidas pelos “chefe e vice-chefe do golpe”, em uma referência a Eduardo Cunha e o vice-presidente Michel Temer.
Além de eventos no Planalto, Dilma também aproveitou discursos em outros atos, como a Conferência Nacional de Direitos Humanos, nesta quarta, para se defender. Desde o ano passado, o governo tem argumentado que Cunha só acolheu o pedido de impeachment porque o PT decidiu votar a favor da abertura de um processo contra o peemedebista no Conselho de Ética da Câmara.