Durante a audiência, Eduardo Cunha disse que há “seletividade” nas investigações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e contestou a “demora” de processos ligados ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“É estranho que o procurador-geral depois do impeachment tenha conseguido abrir cinco inquéritos contra mim, quando a denúncia contra o presidente do Senado está há três anos sem ser apreciada pelo pleno”, afirmou.
Renan divulgou nota no fim da tarde na qual afirmou que Cunha tem "obsessão" com o nome dele. "Repilo a obsessão do deputado Eduardo Cunha com meu nome. Ela não encontra razões jurídicas ou políticas", disse na nota.
Assim como Cunha, Renan Calheiros é investigado pela PGR por suspeita de receber propina do esquema de corrupção da Petrobras, mas, diferentemente do colega de partido, ainda não foi denunciado ao Supremo no âmbito da Lava Jato.
Ao todo, o presidente do Senado é alvo de nove investigações no Supremo Tribunal Federal. Os dois inquéritos mais recentes são sobre o suposto recebimento de propina de contratos da Transpetro e sobre suposto conluio entre Renan Calheiros e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) para contratação de empresa terceirizada pela Petrobras.
Outra investigação apura suposta atuação indevida de Renan Calheiros para manter Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. Responsável até 2012 pela área de Abastecimento, Costa admitiu em delação premiada que desviava recursos de contratos para políticos.
Além disso, em 2013, Renan foi denunciado pela PGR por crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso por supostamente ter recebido propina da construtora Mendes Júnior para pagamento de despesas de uma filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. Até hoje o caso não foi julgado pelo plenário do Supremo.
Em 2015, a Justiça Federal do Distrito Federal decidiu abrir uma ação civil de improbidade administrativa baseada na mesma denúncia. À época, Renan divulgou uma nota chamando o fato de “pseudo denúncia”.
“Trata-se de uma pseudodenúncia muito antiga, café requentado com óbvias motivações. Mas, como sempre, de forma clara, pública, como já o fiz há 8 anos, farei todos os esclarecimentos que a Justiça desejar. Nada ficará sem respostas concretas e verdadeiras”, dizia a nota.
Nota
Leia a íntegra da nota desta quinta de Renan Calheiros sobre a declaração de Eduardo Cunha:
Nota pública
Repilo a obsessão do deputado Eduardo Cunha com meu nome. Ela não encontra razões jurídicas ou políticas.
Todas as citações que me envolvem são calçadas em “ouvi dizer” ou avaliações subjetivas. Em relação às falsas imputações de 2007, reitero que fui o próprio solicitante da apuração, para qual entreguei, voluntariamente, todos os documentos e sigilos. Demonstrei que todos os meus recursos têm origem identificada e lícita. A própria perícia atestou a autenticidade material dos documentos e nada afirmou quanto à questão ideológica.
Sou, portanto, o maior interessado na elucidação dos fatos. Estou e estarei disponível, como sempre estive, para prestar quaisquer esclarecimentos, já que minhas relações com empresas públicas e privadas nunca ultrapassaram os limites institucionais.
Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)