Com citações de Temer e Serra na Lava-Jato, semana deve ser de muita tensão

Boa Informação AL - 08 de agosto de 2016

A previsão é que, mesmo com a Olimpíada em andamento tranquilo, com a satisfação pelo sucesso da festa de abertura na sexta-feira, a semana política fique bastante tensa em Brasília a partir de hoje. Nem o recesso branco eleitoral da Câmara, com a semana útil resumida a segunda-feira e terça-feira, deverá aliviar o ambiente político.


Por duas razões:


(1)as denúncias, no fim de semana, no }âmbito da operação Lava-Jato, envolvendo o presidente-interino Michel Temer e o ministro das Relações Exteriores, José Serra. As duas já seriam fruto da pré-delação premiada dos executivos da Odebrecht.


(2)a votação, prevista pela manhã, da tecnicamente chamada "pronúncia" da presidente licenciada Dilma Rousseff pelo plenário do Senado - ela passará a ser considerada ré se perder, que é mais que provável. Embora precisem do voto apenas da maioria simples para isso, os governistas querem ter mais que os 54 votos necessários para a cassação definitiva de Dilma, de forma a demonstrar que votação lá pelo dia 25, será apenas para cumprir tabela.


Não se acredita que as histórias reveladas pela imprensa no sábado e no domingo, a respeito das negociações de Temer para pegar recursos para a campanha do PMDB e o financiamento da campanha presidencial de Serra em 2010, sejam suficientes para alternar votos no Senado em número suficiente para alterar a tendência favorável ao impeachment.


Porém, a oposição vai fazer barulho e tentará utilizar-se disso para tentar postergar ainda mais a decisão sobre o afastamento de Dilma. Senadores petistas já anunciam que pedirão o afastamento imediato de Serra e de Eliseu Padilha, da Casa Civil, citado como sendo um dos destinatários do dinheiro da Odebrecht para o PMDB.


A estratégia da tropa de choque da presidente licenciada (e de parte do PT) é criar constrangimentos para Temer em todos os níveis. A intenção, inclusive, é atrasar ao máximo (ou até impedir) a votação das medidas de ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.


Nas suas contas, Lula e o PT avaliam que somente terão alguma chance de um desempenho eleitoral menos medíocre em outubro - e por consequência em 2018 - se o governo Temer fracassar na correção dos rumos da economia brasileira. Já há sinais, registrados em reportagens dos jornais de fim de semana, de inquietação no seio dos agentes econômicos com a demora das soluções mais emergenciais para a economia.


O temor é que o presidente-interino não tenha força política para vencer essas batalhas - como algumas das concessões que ele tem feito, ora por pressões dos políticos, ora para não desagradar o universo do funcionalismo público, deixaram a entrever.


Nesta segunda-feira o governo vai passar por um desses testes sobre sua força política. Está marcada a votação do projeto de renegociação da dívida do estados, adiada já da semana passada apesar de o Palácio do Planalto, a contragosto do ministro Meirelles, ter cedido a várias ponderações dos governadores e deputados. Ela é essencial no pacote fiscal, mas, mesmo com as mudanças iniciais há governadores insatisfeitos - e eles arrastam partidos e deputados.


É o grupo do Norte e do Nordeste que, por ter dívidas menores que os estados das outras regiões, querem alguma compensação financeira adicional. A proposta que estão levando a Brasília é o aumento do Fundo de Participação dos Estados (na arrecadação do IR e do IPI) de 22% para 24% - o que daria cerca de R$ 7 bilhões a mais por ano. Eles conquistariam porque a maior parcela do FPE vai para os estados menores e menos desenvolvidos.


Para complicar o dia, está marcada também a leitura no plenário da Câmara da decisão do Conselho de Ética que recomenda a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha. É uma novela que ainda demorará a ter um fim. Lá no fundo, o próprio Palácio do Planalto não quer uma decisão agora, para não tumultuar a votação do impeachment no Senado.