JORNAL DO TOCANTINS ON-LINE - TO - 02 de setembro de 2016
Ao vestir a faixa presidencial, Michel Temer encarna de vez os desafios para a retomada da economia, cuja combinação está alicerçada no ajuste das contas públicas, na taxa Selic e câmbio. Andando em campo minado, por conta da necessidade de aprovar medidas impopulares em pleno ano de eleições municipais, o peemedebista ainda é questionado sobre sua capacidade de aglutinação e de por em práticas os remédios amargos para tirar do coma a economia nacional. Na lista entram a Reforma da Previdência e a PEC 241 - do Teto dos Gastos.
Para a permanência de um clima de confiança, sentimento intrínseco à alavancagem da economia, é preciso que haja intensificação na política de ajuste fiscal. A expectativa é que, com as medidas, numa espécie de engrenagem, dê vazão para que o Banco Central tenha mais liberdade para começar a reduzir a taxa básica de juros, apesar de na última quarta, o Copom reafirmou a Selic em 14,25% e não disse que há espaço para cortes.
Uma das mais importantes é a aprovação da PEC 241 - que impõe um teto para os gastos públicos vinculados à inflação do ano anterior. "Esse pode ser o ponta pé inicial, mas vai depender da forma como será aprovada", diz o consultor da Opportunity, Moisés Bagagi.
"A questão fiscal é muito séria. É preciso estabelecer tetos de gastos também a nível estadual e municipal para dar robustez de gestão política", diz a doutora em economia e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Virene Matesco.
O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya, não enxerga cenário otimista. "As medidas para retomar a economia não estão sendo aventadas, a única coisa que se fala é em equilíbrio fiscal", diz.
Em seu primeiro compromisso externo após ser efetivado no cargo, o presidente Temer foi para a China, para participar da reunião de cúpula do G20 e de encontros bilaterais com empresários e chefes de Estado. Nas reuniões com investidores estrangeiros e nos encontros bilaterais que deverá ter com os líderes da China (Xi Jinping), da Espanha (Mariano Rajoy) e da Itália (Matteo Renzi), além do príncipe da Arábia Saudida (Mohammed Bin Nayef), Temer pretende sinalizar que o Brasil está retomando sua atividade econômica e, assim, transmitir a ideia de que o país é seguro para receber investimentos.