G20 vê risco ao crescimento

CORREIO BRAZILIENSE - DF - 06 de setembro de 2016


Os líderes das principais economias do mundo concordaram que é preciso coordenar melhor as políticas macroeconômicas e combater o protecionismo no comércio global, mas anunciaram poucas medidas concretas na conclusão do encontro que mantiveram na China nos últimos dois dias. Em um almoço de trabalho, pouco antes da conclusão da cúpula, o presidente Michel Temer disse que o grupo deveria ter como meta a geração de empregos. "Não há crescimento sustentável e inclusivo sem a criação de empregos de qualidade e a promoção do trabalho decente", disse ele.
Com quase 12 milhões de desempregados, o Brasil, segundo Temer, está procurando reordenar a economia para "criar as condições para a geração de empregos de qualidade". Temer defendeu ainda maior abertura do comércio internacional. "O Brasil tem ressaltado a importância de um sistema de comércio internacional menos discriminatório para os países em desenvolvimento, que dependem muito das exportações agrícolas", afirmou.


No comunicado final do encontro, o G20 repetiu a avaliação de que a economia global cresce em ritmo muito lento e que a retomada da produção não pode se basear apenas em medidas de afrouxamento monetário, adotadas por um grande número de países, como o Japão e os da União Europeia. "O crescimento continua mais fraco que o desejado. Riscos permanecem diante do potencial de volatilidade dos mercados financeiros, flutuações do preço das commodities, fraqueza no comércio e investimento, e lenta produtividade e crescimento do desemprego em alguns países", diz o documento. Os líderes prometeram ainda não desvalorizar as moedas com o objetivo de ganhar competitividade nas exportações.


O presidente chinês, Xi Jinping, pediu que as principais economias impulsionem o crescimento por meio da inovação, e não apenas com medidas fiscais e monetárias. "O nosso objetivo é retomar motores de crescimento do comércio e do investimento internacional", disse Xi. "Vamos apoiar mecanismos multilaterais e nos opor ao protecionismo." O comunicado afirma ainda que as economias do grupo estão bem posicionadas para lidar com as consequências econômicas da decisão britânica de sair da União Europeia. E pediu a formação de um fórum global para lidar com o excesso de capacidade de aço, medida de interesse da China, que responde por metade da produção mundial de 1,6 bilhão de toneladas por ano.


Encontros


O presidente Temer aproveitou a viagem de quatro dias à China para aparecer ao lado dos principais líderes mundiais. Além do encontro do G20, o brasileiro teve reuniões bilaterais com cinco dirigentes estrangeiros e recebeu três convites de visitas ao exterior. O primeiro encontro foi com o anfitrião, Xi Jinping, que convidou Temer para uma visita de Estado, considerada a mais elevada do protocolo internacional, com revista às tropas e banquete de gala.


Ontem, o brasileiro se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a quem manifestou o interesse do Brasil de atrair investimentos na área de infraestrutura e de ampliar a exportação de produtos agropecuários. Temer também esteve com os primeiros-ministros da Espanha, Mariano Rajoy; e da Itália, Matteo Renzi. Rajoy convidou Temer a visitar a Espanha e recebeu o convite de visitar o Brasil. Renzi propôs o envio de uma missão de 300 empresários ao Brasil, em data a ser definida. Também houve reunião com o vice-primeiro-ministro da Arábia Saudita, príncipe Mohammad bin Salman.


FMI: prioridade para reformas


A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse esperar que o novo governo de Michel Temer entenda a agenda de reformas estruturais no Brasil como prioritária. Durante a reunião do G20 na China, Lagarde disse que as prioridades das 19 nações mais desenvolvidas do mundo e a União Europeia são acelerar o crescimento econômico e permitir que essa expansão seja compartilhada por mais países As reformas fazem parte do discurso central do fundo. Lagarde reafirmou o discurso contra o protecionismo e o apoio ao livre-comércio.