TCU deve recomendar novamente rejeição das contas do governo

CORREIO BRAZILIENSE - ON LINE - 05 de outubro de 2016


A recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) deve ser novamente pela rejeição das contas do governo federal de 2015, no julgamento previsto para hoje, tendo como base relatório do ministro José Múcio que aponta para repetição das chamadas pedaladas fiscais. Mas qual o impacto dessa decisão na economia e na política?
O especialista em contas públicas Raul Velloso observa que do ponto de vista político não haverá novidades, "pois o Brasil já vive um novo momento" e que "não há como 'desenterrar' a ex-presidente Dilma Rousseff nem o Partido dos Trabalhadores (PT)". Mas ele adverte que o temor de interferência do tribunal e a burocracia possam travar investimentos .


"O problema é achar, como efeito do TCU, que tudo é ilegal e não se assinar um papel por medo da fiscalização", diz o economista. "O Executivo, que já não operava com eficácia, não faz mais nada". O impeachment da presidente, como resultado da decisão do tribunal foi, na avaliação dele, uma medida traumática, que assustou gestores públicos.


Para o advogado Pedro Sales, especialista em Direito Público "o valor do novo relatório, para o momento, é meramente político, constituindo mais um elemento contra a narrativa do golpe". Salers acrescenta que o relatório traz irregularidades inéditas, como o desvio na aplicação de recursos do Fundo de Aviação Civil, operações simuladas no Banco da Amazônia, calotes do DPvat quanto a repasses devidos ao Fundo Nacional de Saúde. E confirmam a materialidade dos crimes de responsabilidade apurados anteriormente".


A repetição das pedaladas em 2015, com atrasos de pagamentos do Plano Safra no Banco do Brasil e do auxílio por meio de juros de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da edição de seis decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso Nacional, são algumas das irregularidades consideradas pelo ministro-relator, José Múcio. Essa foi a base usada para o impeachment, lembra o relatório. Múcio entendeu que os atrasos em repasses aos dois bancos configuraram operação de crédito, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).